Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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GM reforça estratégia de crescimento no Brasil


Marli Olmos e Sérgio Bueno, de São Paulo e Porto Alegre

A crise financeira que a General Motors enfrenta nos Estados Unidos não será impedimento para novos investimentos no Brasil, onde a já forte atividade da filial da companhia começa a ganhar projeção ainda maior à medida que a matriz se enfraquece. Nos primeiros dias do ano, a direção da GM do Brasil levou para Detroit o projeto de desenvolvimento de dois novos carros para 2012, que exigirão investimento de US$ 1 bilhão.

A direção da GM decidiu não comentar ainda o assunto. Mas o jornal “Zero Hora”, do Rio Grande do Sul, já deu como certo que o novo investimento irá para a fábrica instalada em Gravataí, a 23 quilômetros de Porto Alegre.

O dinheiro não sairá da combalida matriz, que, inclusive, hoje depende de recursos do governo. Depois de conseguir US$ 13, 4 bilhões no fim do ano passado, recentemente a GM pediu ao governo americano mais um auxílio, que poderia oscilar entre US$ 9,1 bilhões e US$ 16,6 bilhões, dependendo do cenário econômico.

Os recursos para financiar um novo projeto no Brasil sairiam da própria filial brasileira e também de linhas de financiamento locais. Segundo a notícia veiculada no jornal “Zero Hora”, a direção da GM estaria negociando com o governo do Rio Grande do Sul incentivos fiscais para a expansão das instalações em Gravataí, onde são produzidas as linhas Celta e Prisma. O pacote incluiria isenção de 75% do ICMS, além de financiamento de R$ 150 milhões do Banrisul, banco do governo estadual. Outros R$ 350 milhões seriam financiados pelo BNDES.

Sem esse novo investimento, a empresa não terá como dar a arrancada necessária na modernização de produtos para manter-se em 2012 na confortável terceira posição no mercado brasileiro, que ocupa hoje com fatia próxima de 20% das vendas internas.

A GM do Brasil já tem em curso um programa de investimentos de US$ 1,5 bilhão, iniciado em 2007. Naquele ano, o então presidente da subsidiária brasileira Ray Young já dizia que a operação necessitaria de US$ 1 bilhão adicional. Desde então os executivos que comandam a operação no Brasil tem insistido na necessidade de investir mais.

Embora o dinheiro não venha do exterior, a matriz precisa autorizar a operação. A liberação de projetos de novos investimentos passam pelo próprio Young, que hoje ocupa o cargo de vice-presidente mundial de finanças da companhia.

O programa de investimentos de US$ 1,5 bilhão, em curso, vai até 2012 e inclui a construção de uma fábrica de motores em Santa Catarina, onde os trabalhos serão atrasados em quase um ano em consequência dos danos causados pelas enchentes.

A última etapa desse pacote de investimentos de US$ 1,5 bilhão foi anunciada em meados do ano passado, quando a montadora informou ter obtido aprovação da matriz para aplicar US$ 500 milhões na fábrica de São José dos Campos (SP) para o desenvolvimento de um novo carro médio.

No Rio Grande do Sul, a GM já contou com amplos benefícios fiscais e financeiros concedidos pelo governo gaúcho. O pacote de incentivos negociado em 1997 incluiu um empréstimo de R$ 253 milhões liberado ainda antes da inauguração da fábrica, em 2000, além de redução de ICMS e autorização para venda ou uso dos créditos do imposto para pagamento de fornecedores.

Em 2004 o Estado concedeu novos incentivos para o investimento de US$ 240 milhões no aumento da capacidade instalada em Gravataí de 120 mil para 230 mil carros por ano, com o diferimento de ICMS nas aquisições de matérias-primas, peças e gás natural feitas pela empresa dentro do Estado.