Montadora vai demitir 1.633 funcionários até abril
Paulo Justus, SÃO CAETANO DO SUL
A General Motors (GM) começou ontem a demitir 1.633 trabalhadores da fábrica de São Caetano do Sul (SP), cujos contratos com prazo determinado de um ano vencem entre fevereiro e abril. Os cortes tiveram início por um grupo de 30 pessoas e hoje mais 30 não serão renovados.
Os trabalhadores integram o terceiro turno da montadora, aberto no ano passado e extinto em janeiro. A partir de segunda-feira, serão dispensados em média 50 por dia, até completar o grupo. A direção da GM confirmou ontem que, “no momento, todos os contratos que estão vencendo não serão renovados.”
Ontem, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul realizou manifestação em frente ao portão da montadora em protesto contra as demissões. “Vamos exigir que a GM negocie alternativas para os trabalhadores”, disse o presidente da entidade, Aparecido Inácio da Silva.
Na quarta-feira, o sindicato vai se reunir com o presidente da GM do Brasil, Jaime Ardila. Uma das propostas que o sindicato levará é a renovação do contrato de trabalho do terceiro turno por mais cinco meses. “Esse é o período suficiente para dar um fôlego até que a crise passe”, diz Silva
Segundo ele, o sindicato já vinha negociando com a GM alternativas para evitar demissões antes do término do contrato temporário. Por esse motivo, os 1.633 trabalhadores estavam em licença remunerada desde 19 de janeiro.
“Em um ano de contrato temporário trabalhei oito meses”, diz o metalúrgico Alisson da Cruz Gonçalves, de 20 anos. Seu contrato vence hoje. Segundo ele, no tempo em que esteve parado voltou a fazer bicos para se preparar caso não continuasse na empresa. “Preciso juntar dinheiro para a minha esposa, que está grávida de quatro meses.” A economia é necessária porque Gonçalves não tem direito ao seguro-desemprego por ter sido contratado com prazo determinado.
A demissão foi comunicada ao sindicato na sexta-feira, juntamente com o anúncio de licença remunerada para 300 funcionários efetivos. Na fábrica de São José dos Campos, onde a empresa suspendeu 800 contratos no mês passado, outros 600 efetivos também estão em licença remunerada por um mês, desde ontem.