Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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GM dispensa 744 temporários

Montadora alega desaceleração nas vendas para justificar cortes, que provocam mal-estar no governo

Paulo Justus e Beth Moreira

A General Motors (GM) dispensou ontem 744 trabalhadores com contrato temporário na unidade de São José dos Campos (SP), um mês após o governo reduzir o Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI). O vice-presidente da montadora no Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, disse que a redução do IPI não recuperou o ritmo de vendas dos modelos fabricados na unidade. “Tomamos a decisão rigorosamente seguindo o mercado interno.”

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Vivaldo Araújo, disse que a montadora poderia manter os empregos na unidade. “Não é possível que o governo baixe o IPI e permita que as empresas continuem demitindo. O governo deveria exigir a estabilidade do emprego para os trabalhadores”, afirma.

Casou mal-estar e preocupação no Ministério da Fazenda o anúncio das demissões da GM , um mês após redução do IPI de automóveis para estimular as vendas no mercado interno. A maior preocupação da equipe econômica é que as demissões, que começam a ganhar força não só na indústria automobilística, alimentem uma onda de pessimismo capaz de contaminar as expectativas de outros setores que ainda não foram afetados pela crise financeira.

Para integrantes da equipe econômica, as empresas que estão demitindo agora, menos de 15 dias depois do início do ano, estariam se precipitando porque a expectativa é de que o quadro econômico vai melhorar a partir do segundo trimestre.

Segundo Pinheiro Neto, os modelos Corsa e S-10, fabricados em São José dos Campos, foram menos atingidos pela redução do IPI. Ele lembrou que em Gravataí (RS) os funcionários tiveram as férias coletivas reduzidas em uma semana por causa da melhora nas vendas do modelo Celta e Prisma.

O vice-presidente da GM do Brasil disse que novas demissões não estão descartadas e que dependem “única e exclusivamente do comportamento do mercado brasileiro”. Ele afirmou que, caso o mercado reaja positivamente nos próximos meses, a montadora dará preferência para contratar os temporários que estão sendo dispensados agora.

Pinheiro Neto disse que os investimentos na unidade de São José estão mantidos. A programação prevê aportes de US$ 500 milhões entre 2008 e 2011 na fábrica para desenvolvimento e produção de dois veículos.

Na sexta-feira, a GM não renovou o contrato de 53 metalúrgicos. Com as demissões de ontem, não há mais trabalhadores com contratos temporários em São José. “Os próximos a serem demitidos serão os efetivos”, diz Araújo, do sindicato.

Hoje, às 5 horas, o sindicato vai realizar assembleia. “Vamos propor a paralisação, manifestações e passeatas, além de buscar apoio na Prefeitura e Câmara Municipal”, diz Araújo.

COLABOROU ADRIANA FERNANDES