Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Gabrielli descarta reduzir preço de derivados

Mônica Izaguirre e Chico Santos, de Brasília e do Rio

Marcada para discutir os planos de investimento da Petrobras, a audiência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) com o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, acabou se transformando em palco de protestos contra os preços internos dos derivados do petróleo. Diversos senadores, tanto da base do governo quanto da oposição, cobraram do executivo o não-repasse, para os preços domésticos, da queda do preço internacional do produto.

Mais do que com a gasolina, os parlamentares mostraram preocupação com o custo do óleo diesel para o consumidor final. O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) lembrou que esse é um insumo importante para o agronegócio e que um alinhamento ao preço internacional seria importante no combate aos efeitos da crise no setor.

Em nenhum momento Gabrielli sinalizou disposição da estatal em reduzir preços, pelo menos no curto prazo. Ele argumentou que a Petrobras prefere não considerar oscilações de curto prazo, para evitar volatilidade dos preços internos. Tanto que também não elevou os preços no primeiro semestre de 2008, quando o preço internacional do petróleo atingiu recorde.

Gabrielli disse que, considerando-se um período mais longo, como não houve preocupação em repassar toda e qualquer variação da cotação internacional, o custo dos produtos vendidos pela empresa subiu mais do que sua receita. Em consequência, a relação entre esse custo e a receita, que era de 63,9% em 2002, atingiu 67,8% em 2008. Além de os preços no exterior continuarem voláteis, a perspectiva é de aumento e não de queda para os próximos meses, o que recomenda esperar antes de fazer um corte sobre os preços, assinalou.

Ele deixou escapar um forte motivo da empresa para não acompanhar a redução internacional de preços: a necessidade de fazer caixa para bancar seu plano de investimentos – US$ 174,4 bilhões no período 2009-2013, R$ 158,2 bilhões dos quais no Brasil. Para 2009, a empresa contará com pelo menos US$ 10 bilhões em recursos próprios, para um total de investimentos projetados em US$ 30 bilhões. A conta foi feita levando em consideração preço médio pouco superior a US$ 37 para o barril de petróleo. Segundo Gabrielli, cada dólar a mais na cotação elevaria em US$ 500 milhões a disponibilidade de caixa da empresa.

A greve dos funcionários da Petrobras, deflagrada segunda-feira, entra hoje no terceiro dia. Segundo Marlúzio Ferreira Dantas, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a empresa propôs que, como as negociações foram retomadas, a greve fosse interrompida. A FUP e os sindicatos não concordaram. Dantas disse que a Petrobras melhorou ligeiramente a proposta de participação dos empregados no seus lucro de 2008, mas acrescentou que, no geral, os avanços foram pequenos.

Segundo a FUP, o movimento se intensificou ontem, mas a entidade admite que as atividades fundamentais prosseguem, mesmo nos locais controlados pelos grevistas, com as equipes de contingência montadas pela Petrobras.