Agência DIAP
Camila Souza Ramos, no Três no Fórum*
Se você está lendo esta matéria de uma lan house, você faz parte de 49% da população brasileira que acessa a internet. O número de acessos à internet por casas com pontos de banda larga era bem menor até pouco tempo atrás: em 2005, a porcentagem era de 18%. “Ninguém tinha descoberto a lan house em 2005″, afirma Juliano Cappi, analista de informações do Cetic (Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação), que participou do FSM.
De acordo com Juliano, as lan houses tem assumido o papel de viabilizar a inclusão digital, mesmo que pagos. Ele conta que, em muitas cidades do interior, o custo da hora para acessar a internet é tão barato que seu uso acaba sendo mais vantajoso do que utilizar os pontos de acesso do governo, que embora de 2006 para 2007 tenha dobrado em quantidade, ainda são poucos e com baixa qualidade de acesso.
Com o cruzamento de dados feito pelo Cedic, constatou-se que o público que mais acessa as lan houses são jovens entre 10 e 14 anos, nordestinos, de famílias cuja renda mensal gira em torno de dois a cinco salários mínimos.
Mas a inclusão da classe C no campo digital não tem ocorrido somente pelas lan houses. Juliano lembra que, além do crescimento da renda dessa categoria, o governo federal tem implementado políticas de inclusão digital dirigidas a esse público, como o Programa Computador para Todos e o Projeto Computadores para Inclusão Digital, que recupera computadores doados por empresas e órgãos públicos e vende a preços acessíveis.
Mas apenas a instalação de pontos de acesso públicos não resolve a questão da exclusão digital. De acordo com dados de pesquisa do Cedic apresentada por Juliano, a principal barreira para o uso da internet e do computador é a falta de habilidade.
Embora Juliano acredite que os jovens têm grande facilidade para aprender sozinhos a lidar com as novas tecnologias, ele afirma: “isso não exime o governo da responsabilidade de ensinar a usar internet”. (Fonte: Três no Fórum)