Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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França deve ter mais de 2,5 milhões de desempregados

Andrei Netto, PARIS


A França está próxima de romper barreira psicológica de 2,5 milhões de desempregados. A cifra vem crescendo há um ano e, desde janeiro, 243,4 mil assalariados perderam seus empregos, um aumento de 22,1% em um ano. A situação é mais preocupante entre jovens com menos de 25 anos, faixa etária em que o desemprego aumentou 35,8% desde abril de 2008.

 

Pelos dados do Ministério da Economia – divulgados às vésperas de 1º de Maio, quando se espera uma nova onda de protestos -, a cifra foi atingida em abril. Com o aumento, o nível de desemprego se aproxima de 9%. Segundo o Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat), o índice deve alcançar 9,9% da população ativa da França ao fim deste ano.

 

As estatísticas francesas não são as mais elevadas da Europa. Na Espanha, o desemprego aumentou 107% em um ano, e cerca de 4 milhões de pessoas estão sem trabalho. No Reino Unido, nos últimos 12 meses o aumento chegou a 30%. Em Paris, contudo, os números têm o poder de despertar a mobilização social – e o sinal de alerta do governo.

Parte da estratégia do Palácio do Eliseu tem sido adotar a transparência na análise da conjuntura econômica, ressaltando a condição “privilegiada” do país frente a vizinhos mais atingidos pela crise, como a Alemanha, o Reino Unido, a Itália e a Espanha, as outras quatro maiores e economias da União Europeia.

“Sabemos que teremos cifras de desemprego que serão difíceis durante todo o ano de 2009, como de resto o serão em todos os países desenvolvidos, alguns dos quais mais atingidos do que o nosso”, reconheceu nesta semana o primeiro-ministro, François Fillon.

 

As raízes do aumento do desemprego na França estão na desaceleração da produção industrial e no desaquecimento da construção civil. Entre janeiro e março, o número de novos projetos em construção caiu 32,6% em relação a 2008, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

 

Apesar dos números negativos do país, em relatório divulgado ontem, a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), exortou o governo a retomar a austeridade fiscal tão logo haja sinais de reaquecimento. A orientação visa a combater o déficit público que deve chegar a 6,6% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.