Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Fotos da 1ª Conferência Nacional da Mulher Metalúrgica

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Fotos de Joícÿ Costím

Foto: Joícÿ Costìm

Grande participação das trabalhadoras líderes sindicais. Foto: Joícÿ Costìm

Sindicato de Mococa produziu jornal especial para o evento. Foto: Joícÿ Costìm

Organização: Denis, Damares, Teresinha e Amélia. Foto: Joícÿ Costìm

Diretoras da CNTM: Vilma Araújo, Mônica Veloso e Rosângela. Foto: Joícÿ Costìm

Rosângela, Vilma, Clementino e Mônica. Foto: Joícÿ Costìm

Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM. Foto: Joícÿ Costìm

Excelente apresentação do Grupo Batucada Tamarindo. Foto: Joícÿ Costìm

Grupo Batucada Tamarindo. Foto: Joícÿ Costìm


10, 11 e 12 de dezembro
Praia Grande/SP
Colônia de Férias da Federação dos Comerciários

matéria atualizada em 15 de dezembro de 2009


Foto de Val Gomes

Clementino Vieira, presidente da CNTM. Foto de Joícÿ Costím

Mesa de abertura

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM realizou a sua “1ª Conferência Nacional da Mulher Metalúrgica”, com o seguinte título Organização Sindical para a Vida e o Trabalho Decente. 

“Nosso objetivo é fortalecer as entidades filiadas, proporcionar um diálogo sobre questões de gênero e estabelecer uma rede sindical de mulheres”, diz Clementino Vieira, presidente da CNTM. “Demos mais um passo histórico neste sentido. É preciso, portanto, acabar com o machismo no mundo e no Brasil, inclusive dentro da própria categoria metalúrgica. A CNTM apoia este movimento de luta da mulher metalúrgica pela igualdade de direitos”, disse Clementino, que pretende organizar conferências regionais das mulheres metalúrgicas.

“Vamos continuar ouvindo as companheiras para conhecer suas expectativas profissionais e pessoais e saber o que esperam da luta sindical, para que nos ajudem a orientar nossas futuras ações”, informa Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM. “Com a Rede CNTM Mulher, vamos proporcionar a visibilidade da mulher metalúrgica. É a contribuição da CNTM para que as mulheres desenvolvam um trabalho em grupo e contínuo. No trabalho isolado, você perde a oportunidade de enxergar o todo. A Rede terá um papel de solidariedade e de troca de experiências”, afirmou Mônica.

O evento teve início na quinta-feira, 10, prosseguiu na sexta-feira, 11, e terminou no sábado, dia 12 de dezembro de 2009, em Praia Grande/SP, na Colônia de Férias da Federação dos Comerciários situada na Avenida Presidente Castelo Branco, nº 8.420 – Vila Mirim.

Cerca de 120 mulheres participaram. São companheiras dirigentes sindicais e ativistas do setor metalúrgico de todo o País representado pela CNTM/Força Sindical.

Além de Clementino Vieira e Mônica Veloso, durante a abertura da Conferência, as participantes ouviram as mensagens de apoio do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, Juruna, de Geraldino dos Santos, secretário de finanças da CNTM, de José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, e de José Fernandes, secretário da CNTM na região Nordeste.

“Espero desta rede de mulheres da CNTM resultados positivos, aumentando nossas ações sindicais e conquistas para a classe trabalhadorta”, afirmou Juruna.

“A CNTM, sob a presidência do companheiro Clementino, tem visão e sabe ampliar as questões sindicais para os metalúrgicos. Esta Conferência da Mulher é exemplar e serve de parâmetro para as demais categorias”, opinou Geraldino.

Também estiverem presentes à abertura outros dirigentes da CNTM como, por exemplo, Francisco Dal Prá, Carlos Albino, Ari Alano, Pedro Celso Rosa, Carlos Lacerda, Maria Rosângela Lopes, Vilma Araújo Costa e Edivaldo dos Santos Guimarães. Além de Gleides Sodré, secretária da Criança e Adolescente da Força Sindical, Jorginho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Arakém, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, e Júlio Helton, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santiago/RS, entre outros companheiros e companheiras.

Vilma Araújo (CNTM) acredita que é preciso organizar as mulheres e ampliar o intercâmbio de informações. Maria Rosângela (CNTM) afirmou que a Conferência representa mais um marco histórico para as trabalhadoras metalúrgicas do Brasil.

Antes da abertura oficial, as participantes assistiram e participaram de uma apresentação cultural do Grupo Batucada Tamarindo.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, participou da Conferência. Ele parabenizou as mulheres e disse que as centrais sindicais devem começar 2010 dando ênfase à luta pela jornada de 40 horas, fazendo forte pressão no Congresso Nacional e nas negociações diretas empresa por empresa. “Acredito que a mulher metalúrgica, que faz parte de uma categoria que puxa as lutas sindicais no País, possa conduzir, com o auxílio desta Rede CNTM Mulher,  melhorias de salário e nas condições de trabalho. Juntas, vão ajudar milhões de mulheres brasileiras”, afirmou Paulinho.

Grupos de Trabalho e decisões
As companheiras, após intensos debates, definiram algumas ações que possam vir a constituir um Plano de Ação da CNTM para a organização da mulher metalúrgica em nosso País.

• Quebra de paradigmas: contra o preconceito nas empresas e dentro das próprias entidades sindicais.

• Contra a discriminação étnica.

• Maior participação das mulheres nas entidades sindicais.

• Licenciamento de dirigentes femininas para o exercício sindical.

• Formação Política Sindical para as dirigentes sindicais.

• Ato em defesa da manutenção da Lei Maria da Penha.

• Fim do assédio moral.

• Encontros, seminários e cursos regionais e nacionais da CNTM sobre direitos das mulheres.

• Pela inserção da história do movimento sindical do currículo escolar.

• Pela ampliação das cláusulas de gênero nas Convenções e Acordos Coletivos.

• Desenvolvimento da Rede CNTM Mulher.

Agradecimentos
“Agradeço a todos pela contribuição dada para que pudéssemos realizar a 1ª Conferência da Mulher Metalúrgica da CNTM. Nossas atividades foram um sucesso! Com uma excelente participação das companheiras e qualidade nos debates foi possível refletir e construir um conteúdo determinante para o trabalho de grupo e as propostas definidas. Foram três dias de trabalho, que acredito resultarão em uma ação concreta rumo à organização das mulheres. Ganhamos todos em garantir um espaço às companheiras que têm muito a contribuir com a luta da classe trabalhadora”, conclui Mônica Veloso.

Por Val Gomes


Grupo Batucada Tamarindo. Foto: Val Gomes

Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) apresentou os seguintes temas para debate na Conferência

Desafios da Mulher no Mercado de Trabalho no Brasil e no Setor Metalúrgico

• Trabalho Decente e Negociação Coletiva

• Projeto Decisões Para a Vida

• Participação das Mulheres no Setor Metalúrgico – Brasil

• Emprego da Mulheres Metalúrgicas, por Ramo de Atividade – Brasil

• Escolaridades das Mulheres Metalúrgicas – Brasil

• Tempo de Emprego das Mulheres Metalúrgicas – Brasil

• Emprego da Mulheres Metalúrgicas, Segundo Porte da Empresa – Brasil

• Faixa Etária das Mulheres Metalúrgicas – Brasil

• Rendimento Médio das Mulheres Metalúrgicas – Brasil

Dieese divulga site Meu Salário Mulher. O Dieese também divulgou um site destinado a divulgar informações sobre salário, emprego e direitos destinados à mulher trabalhadora. O site possui itens de muito interesse: O que é meu salário? – Pesquisa salarial – Compare seu salário – Você tem um trabalho decente? – Renda – Emprego – Comportamento – Direitos – Saúde e segurança do Trabalho – Suas contas. Não deixe de acessar www.meusalariomulher.org.br

Organização Sindical: dando voz e poder às mulheres na tomadas de decisão

As dirigentes sindicais Nair Goulart, Maria Auxiliadora dos Santos e Eunice Cabral disseram que a luta da trabalhadora não se resume aos desafios do mundo do trabalho. Segundo elas, é preciso enfrentar uma estrutura social e cultural conservadora, que mantém há séculos a política de dominação dos homens sobre as mulheres, e, para atingir o poder, as mulheres precisaram quebrar estas amarras.

Maria Rosângela Lopes, diretora da CNTM e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Rita do Sapucaí/MG, afirmou: “Por ser mulher, sofro o preconceito na sociedade, que não reconhece a capacidade do trabalho feminino. Por ser metalúrgica, sofro o preconceito de uma profissão tida como masculina. Por ser negra, sofro com o preconceito de etnia, que mascarado ou não, ainda existe neste País. Como presidente de sindicato, luto para que estes preconceitos acabem”. Rosângela acredita que com a Rede CNTM Mulher, será possível diminuir o distanciamento das mulheres. “Tanto no sul de minas quanto no País todo, nossas realidades irão   se fundir em uma só realidade. Vamos erradicar as dificuldades em questão de gênero!”, finaliza Maria Rosângela.

Para Marcos Verlaine, do DIAP, “a organização das mulheres trabalhadoras é crucial para o movimento sindical brasileiro ampliar sua força política no País e as conquistas para a classe trabalhadora”.

Dados Internacionais

• Em 2007, 52,5% das mulheres em idade de trabalhar procuravam empregos contra 78,8% dos homens.

• As mulheres ganham somente 10% da renda mundial, embora realizem 2/3 do trabalho mundial não remunerado.

• As mulheres que têm um trabalho remunerado recebem, em média, ¾ do salário dos homens para executar a mesma função.

• A UNESCO denuncia que quase 800 milhões de pessoas no mundo não sabem ler nem escrever e que 2/3 deles são mulheres.

• 2/3 das crianças que não vão a escola são meninas.

• A violência doméstica é a maior causa das lesões, acidentes e mortes de mulheres em todo mundo.

• Metade das mulheres trabalhadoras em todo o mundo recebe menos de 2 dólares por dia. As mulheres constituem a camada mais mal paga da sociedade.

Nações Unidas (ONU)

• Declaração do Milênio: O desenvolvimento e a erradicação da pobreza só serão alcançados com paz, segurança, direitos humanos e democracia.

Organização Internacional do Trabalho:

• Trabalho Decente: “Trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, sem qualquer formas de descriminação, que garanta uma vida digna a todas as pessoas que vivem dele”.

Edição de texto Val Gomes
Com informações e relatório de Ieda


Programação completa


9 de dezembro, quarta-feira

Chegada das participantes

Jantar na Colônia de Férias da Federação dos Metalúrgicos do Estado de SP

10 de dezembro, quinta-feira

8h00 – Credenciamento

9h30 – Apresentação Cultural – GRUPO BATUCADA TAMARINDO

“Homenagem às mulheres metalúrgicas do Brasil”

10h30 – Intervalo

10h45 – Cerimônia de Abertura

Presidente da CNTM (Clementino Vieira) e convidados

12h30 – Almoço

14h00 – 1º Painel – Desafios da Mulher no Mercado de Trabalho no Brasil e no setor Metalúrgico

Moderadora: Gleides Sodré Almazan – Secretaria Nacional de Políticas para a Criança e Adolescente da Força Sindical

Expositora: Ana Yara – Técnica/DIEESE

14h45 – 2º Painel – Trabalho Decente e a Negociação Coletiva

Expositora: Vera Gebrin – Direção Técnica/DIEESE

15h30 – Debate            

16h00 – Intervalo

16h15 – Apresentação – Perfil da Mulher Metalúrgica no Brasil

Expositor: Altair Garcia – Técnico/DIEESE-CNTM

17h00 – Apresentação – Projeto Decisões para a Vida

Expositor: Paulo Roberto – Técnico/DIEESE

17h30 – Encerramento das atividades do dia


11 de dezembro, sexta-feira

9h00 – Vídeo

9h15 – Painel – Organização Sindical: Dando voz e poder as mulheres na tomada de decisão

Moderador: Marcos Verlaine – DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar)

Debatedoras: Nair Goulart – Presidente Força Sindical Bahia

Eunice Cabral: Vice Presidente da Força Sindical e Vereadora PDT

Maria Auxiliadora dos Santos: Secretaria Nacional de Políticas para a Mulher da Força Sindical

11h00 – Intervalo

11h15 – Debate

12h00 – Almoço

13h30 – Dinâmica de Integração

14h30 – Trabalho de Grupo

16h00 – Construção da Rede Mulheres Metalúrgicas

17h30 – Encerramento das atividades do dia

20h00 – Noite Cultural – Salão do Mezanino – Show de Leci Brandão.


12 de dezembro, sábado

Fortalecendo a Ação da CNTM para a Organização da Mulher Metalúrgica

Coordenação: Mônica Lourenço Veloso – Vice-Presidente da CNTM

Maria Rosangela Lopes – Diretora da CNTM

Vilma Araujo Costa – Diretora da CNTM

9h30 – Apresentação do Trabalho de Grupo

10h30 – Apresentação dos Painéis Rede Mulheres Metalúrgicas da CNTM

11h00 – Considerações finais

12h00 –  Encerramento 

13h00 – Almoço

Retorno

Mais informações: secretariageral@cntm.org.br ou cntm@cntm.org.br.
Fone/Fax: (61) 8173-5791 ou (61) 3223-5600 com Maria Amélia.


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Outros textos:

Diretoras de Guarulhos participam da 1ª Conferência

Com a participação de mais de 120 mulheres de todo o País, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) deu início na manhã de quinta-feira à 1ª Conferência Nacional da Mulher Metalúrgica.

Com o tema Organização Sindical para a Vida e o Trabalho da Mulher Metalúrgica, o evento teve como objetivo estabelecer um plano de lutas para promover a participação da mulher nas atividades sindicais e ampliar a ação sindical pelo trabalho decente.

O presidente José Pereira dos Santos, do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, esteve na abertura e destacou: “Os índices mostram que a mulher cumpre um papel importante no mercado de trabalho e que mesmo desempenhando a mesma função, ainda ganha menos. É a ação sindical e a pressão junto às empresas que poderá mudar esse cenário”.

As diretoras do Sindicato, Sonia Dombski, Lúcia Ottone e a assessora Sílvia Julião Marcelino participaram do evento representando as mulheres metalúrgicas de Guarulhos e região.

A diretora Sonia afirma: “As propostas aprovadas nos encontros que realizamos em toda a base este ano foram apresentadas à conferência, tendo como destaque a questão da igualdade salarial e de oportunidade profissional”. Lucia enfatiza: “A conferência fortalece a organização da mulher metalúrgica por mais direitos e melhores condições de trabalho”.
www.metalurgico.org.br

Paulinho recomenda greves para negociar redução da jornada

Os metalúrgicos devem puxar novamente a luta pela redução da jornada de trabalho no Brasil. Assim recomendou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, Paulinho, na 1ª Conferência Nacional da Mulher Metalúrgica da CNTM.

Paulinho lembrou que a categoria comandou esta luta em São Paulo há vários anos e conseguiu acordos de redução da jornada por empresas. “Precisamos aumentar muito a pressão para que a Câmara dos Deputados coloque em votação a proposta de redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução salarial. Devemos fazer uma onda de greve, fábrica por fábrica, e negociar a redução”, afirmou. 

“Os parlamentares declaram-se favoráveis à proposta, mas alguns trabalham nos bastidores para impedir que o projeto vá ao plenário. Além disto, 1/3 do Senado e quase a metade dos deputados federais são representantes do setor empresarial. Nós, trabalhadores, temos apenas 53 parlamentares na Câmara e pouquíssimos no Senado”, salientou Paulinho.

O presidente da Força explicou ainda como estão as negociações com o governo para votar projetos que beneficiam os aposentados e sobre a ação do Ministério Público do Trabalho para proibir a cobrança da contribuição sindical pelos sindicatos.

Paulinho recomendou que as entidades não façam mais acordos isolados com o Ministério Público, porque as centrais estão negociando com o Ministério Público e deve ser fechado um acordo até o início de 2010.

Perfil da Mulher Metalúrgica

O Dieese elaborou o perfil da mulher metalúrgica que revelou dados interessantes. Conforme o estudo, aumentou o número de trabalhadores e trabalhadoras metalúrgicos(as) no Brasil, conforme comparação de dados de 1999 e 2008.

Em 1999 havia 1.026.195 homens e em 2008 este número subiu para 1.763.753, o que representa crescimento de 72%. Quanto às mulheres, em 1999, eram 176.681 trabalhadoras e, em 2008, chegou a 346.382, o que significou variação de 96%.

O número de metalúrgicas com ensino médio completo cresceu 242%, seguindo aumento de 157% de trabalhadoras com ensino superior completo e 140% com ensino superior incompleto.

A boa notícia é que o número de analfabetas caiu de 1.119 registradas no ano de 1999 para 390 registradas em 2008, o que representa queda de 0,65%. Aquelas com até 5° grau incompleto do Ensino Fundamental caiu para 0,41%; com até 5° grau completo do Ensino Fundamental teve queda de 0,42% e do 6° ao 9° ano incompleto do Ensino Fundamental também caiu 0,29%.

Tiveram ganhos reais as mulheres que trabalham na metalúrgica básica (14,6%), fabricação de outros equipamentos de transporte (11,6%) e fabricação de equipamentos de instrumentação para uso médico hospitalar (6,9%).

O rendimento médio nominal aumentou 96,6% passando de R$ 709,66 (ano de 1999) para R$ 1.394,85 (em 2008). A variação dos rendimentos por faixa de escolaridade mostra que as que têm mais escolaridade ganham mais.

CNTM inova e jovens trabalhadoras aprendem ouvindo dirigentes experientes

A CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) inovou ao explicar a uma plateia de jovens trabalhadoras, o papel das dirigentes sindicais. Escalou para esta tarefa sindicalistas experimentadas, que estão no movimento sindical desde a década de 1960 e que passaram por poucas e boas para chegar em postos de comando que ocupam hoje, além de terem sido fundadoras da Força Sindical. São elas: Maria Auxiliadora dos Santos, Secretária Nacional da Mulher da Central, Nair Goulart, presidente da Força Sindical Bahia, e Eunice Cabral, vice-presidente da Central.

Na palestra “Organização Sindical: dando voz e poder a mulher na tomada de decisão”, realizada na 1ª Conferência Nacional da Mulher Metalúrgica da CNTM, as dirigentes mostraram como contornaram os problemas que as sindicalistas ainda reclamam hoje. Por exemplo, com quem deixar os filhos, como resolver a tripla jornada, como enfrentar os preconceitos dos homens em casa, na empresa e no sindicato. Nair, Auxiliadora e Eunice deixaram claro que a luta da trabalhadora não se resume aos desafios do mundo do trabalho. Vai além, é preciso enfrentar uma estrutura social e cultural conservadora, que mantém há séculos a política de dominação dos homens sobre as mulheres e, que para atingir o poder, elas precisaram quebrar estas amarras. O debate teve como mediador Marcos Verlaine, do Diap. Para ele, o sindicalismo precisa organizar os jovens e as mulheres para avançar e contribuir na transformação da sociedade.

Na receita das sindicalistas e do mediador estão a unidade das mulheres deixando picuinhas e detalhes de lado; ousadia, determinação e qualificação política e profissional, além de estudar. “Não temos que brigar com os companheiros do sindicato, mas conquistá-los para apoiar nossas reivindicações, temos de ter ousadia”, ensinou Auxiliadora. “Precisamos começar a mudar dentro de nossas casas educando nossos filhos de forma diferente para que dividam os trabalhos domésticos”, orientou Eunice.”Devemos nos preparar cada vez mais, saber o poder que temos e como usar este poder”, observou Nair.Para ela, o importante é ter foco. “Nenhuma mulher chega ao poder por ser bonitinha, mas por conquista”, disse citando fatos marcantes da vida do País, nos quais as mulheres tiveram participação marcante. Na opinião de Nair, as mulheres precisam ter visão de classe, raça e gênero para mudar o País.

Marcos Verlaine afirmou que as mulheres precisam definir dentro delas e, em conjunto, qual a estratégia que vão adotar para chegar ao poder; quais são seus compromissos políticos; estudar e buscar formação política; promover encontros regionais; saber escolher seus candidatos a deputados, prefeitos, vereadores, senadores, governadores e presidente; quebrar mitos;enfrentar as questões de gênero; fazer debates para demover toda estrutura da sociedade que é de serviçais para atender a demanda dos ricos e que levam as pessoas a terem medo de agir; e alterar os estatutos das entidades sindicais estabelecendo que as mulheres devem participar da direção.

Após ouvir os relatos das dirigentes, Arlete Aparecida da Silva, de Londrina (PR) observou que a sociedade e o sindicalismo avançaram, mas alguns pontos não mudaram. “Elas enfrentaram preconceitos e problemas em casa como nós estamos enfrentando. Foi bom saber que com a nossa força podemos conseguir mudar a situação”, declarou.

Marco histórico

Para Maria Rosangela Lopes, diretora da CNTM, a 1ª Conferência foi um marco na trajetória da luta das mulheres da CNTM. “A partir de agora vamos organizar melhor as companheiras”, ressaltou. Albino de Rezende Júnior, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão e diretor da CNTM, acompanhou os debates e considerou importante a organização das mulheres. “Com estes ensinamentos, elas saberão como agir nas bases”, destacou.

Frases das companheiras metalúrgicas presentes à Conferência:

“A indústria metalúrgica entrou no Amapá na rota do turismo. Para incrementar o turismo foram construídos prédios e obras de infraestrutura, que necessitavam de ferramentas. Queremos qualificação profissional para entrar nas empresas ganhando salário melhor que o de ajudante”. Irani de Oliveira Nunes, Amapá

“Consigo conciliar o trabalho e a vida doméstica – cuidar da casa e dos filhos porque trabalho 6 horas e não faço hora-extra”. Mara Aparecida Pereira dos Santos, Capitão Enéas (MG).

“A 1ª Conferência foi boa. Gostei das apresentações do Dieese e de trocar experiências com as companheiras. Temos que defender salário igual para homens e mulheres e maior participação das mulheres nos sindicatos”. Maria Cordeiro da Silva, Belém (PA)

“É importante defender salário igual para homens e mulheres, especialmente a mulher negra e contra o assédio moral”. Maria do Carmo Aguiar de Oliveira, Brasília

“Adorei a 1ª Conferência. Se soubesse que seria assim teria trazido o gravador para poder escutar depois”. Maria Clari Guimarães, Gravataí (RS)

“As sindicalistas (Eunice, Nair e Auxiliadora) mostraram que se você tem vontade você consegue porque elas também enfrentaram muitas dificuldades”. Arlete Aparecida da Silva, Londrina (PR)

“Gostei dos depoimentos das mulheres”. Alizangela Vieira dos Santos, Rio Verde (GO)

“Na hora de trabalhar, temos que atuar igual aos homens. Sou operadora de máquina e quando preciso arrastar um contêiner mais pesado os homens não querem ajudar. Mas o salário é desigual. Eles ganham mais. Gostei das palestras e dos depoimentos das mulheres que demonstraram coragem”. Elaine Cristina do Amaral Duarte, Cuiabá (MT)

“Gostei das palestras do Dieese”. Maria Conceição dos Santos, Volta Redonda (RJ)

“O mais importante é lutar por salários iguais entre homens e mulheres”. Aline dos Anjos Silva, Rondonópolis (MT)

“A Conferência só acrescentou. A troca de experiência sempre significa uma energia nova”. Maria Euzilene Nogueira, Leninha, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo

“É a primeira vez que participo de encontros como este. Considero mais importante a qualificação. As empresas pagam salário de ajudante para quem não tem qualificação”. Luane Pereira Parente, Palmas (TO)

“Por ser o primeiro encontro foi excelente. Dá muito subsídio para fazermos o trabalho de base. As experiências das companheiras Auxiliadora, Eunice e Nair valem ouro”. Conceição do Carmo Xavier Carvalho, Curitiba (PR)

“A Conferência foi ótima. Deu para aprender e precisamos lutar para ter salários iguais aos dos homens e mais tempo para amamentar, entre outras lutas”. Tatiana dos Santos Silva, Manaus (AM).

Por Dalva Ueharo
Assessoria de Imprensa da Força Sindical
www.fsindical.org.br