Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Flexibilização já atinge 40,6 mil metalúrgicos

FÁBIO AMATO

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

MAURÍCIO SIMIONATO

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Acordos prevendo flexibilização já atingem cerca de 40.600 trabalhadores do setor metalúrgico no Estado de São Paulo desde o início da crise econômica global. Eles são funcionários de 66 empresas que adotaram, com a aprovação dos sindicatos, medidas como banco de horas e redução de jornada de trabalho com encolhimento proporcional do salário.

O levantamento foi feito pela Folha em sindicatos de metalúrgicos ligados às centrais CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas). No Estado, esses sindicatos representam 1,1 milhão de funcionários que atuam em pelo menos 20 mil empresas do setor, entre elas montadoras e fabricantes de autopeças.

Outras 604 metalúrgicas paulistas -que empregam cerca de 167,9 mil pessoas- procuraram os sindicatos pedindo a abertura de negociações visando flexibilização.

Há até pouco tempo combatidos de maneira quase unânime pelos sindicalistas, os acordos de flexibilização estão sendo vistos em alguns casos como uma solução para evitar as demissões num momento em que a crise se intensifica e, consequentemente, a produção cai.

Todos os acordos fechados têm como contrapartida o comprometimento, por parte das empresas, de não fazer cortes nos próximos meses. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itaquaquecetuba (Grande São Paulo), ligado à CUT, Aparecido Ribeiro de Almeida, a flexibilização é hoje a única saída para evitar as demissões em massa.

“[Os acordos] são uma questão de sobrevivência. A crise está feia e não vejo solução a curto prazo. Ou flexibiliza ou perde o emprego. O que a lei nos permitir vamos flexibilizar, sim”, disse Almeida, cuja base reúne 6.000 trabalhadores.

Pesquisa Datafolha divulgada ontem apontou que 47% dos entrevistados aceita reduzir o salário em troca da garantia de manutenção do emprego. Foram ouvidas 613 pessoas de São Paulo com 16 anos ou mais.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itu (CUT), Dorival de Jesus do Nascimento, relata que nas assembleias tem sido grande o apoio dos metalúrgicos às propostas de flexibilização. Ele diz que, para evitar pressão sobre os funcionários, decidiu adotar nesses casos votação secreta.

“Nós não estamos tendo menos do que 90% de apoio dos trabalhadores às propostas. Só em uma empresa os funcionários recusaram, por 63%, um acordo que previa a implantação de banco de horas.”

Em Itu, 12 acordos de flexibilização já foram fechados. Outros 25 estão em negociação.

Em Jacareí, funcionários da Schrader Bridgeport, que produz válvulas de pneus e partes de sistemas de ar-condicionado para carros, fizeram abaixo-assinado para pressionar o sindicato dos metalúrgicos a aprovar uma proposta da empresa que prevê redução da jornada de trabalho e salários em 20%.

A direção da empresa já demitiu 60 funcionários (hoje conta com cerca de 300) e afirma que enfrenta queda no faturamento -chegou a 70% em dezembro. Vivaldo Moreira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (ligado à Conlutas), disse que a entidade é contra a redução de salários. Na opinião dele, os trabalhadores estão sendo pressionados pela empresa -que nega a pressão.