São Paulo – A Fiat anunciou, na última sexta-feira, que sua fábrica em Betim (MG) suspenderá um turno de uma de suas linhas de produção por uma semana para manutenção e equilíbrio de seu mix de produtos. A montadora confirmou também que sua unidade em Córdoba, na Argentina, terá uma parada técnica de uma semana, principalmente para equilibrar o mix de produtos do Brasil.
Mas, o que inicialmente parece uma suspensão padrão de produção, pode ser reflexo de um nível crítico em estocagem da indústria automotiva, que está com mais de 105 mil veículos parados nos pátios dos fabricantes no País há mais de 35 dias. Ou seja, 20 mil carros a mais comparado com maio, que ficou com pouco acima de 84 mil unidades.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, estoques até 35 dias é normal, se começar a passar disso é preocupante, mas acima de 40 dias já pode ser considerado anormal.
Na última semana, Belini antecipou que a Fiat pararia a produção, tanto em Betim, como na Argentina, em decorrência também dos altos custos em estocagem.
Mesmo assim, o setor encerrou o primeiro semestre deste ano com recorde em vendas na América do Sul. Só no Brasil, fechou o semestre com 1,73 milhão de carros vendidos. A Fiat manteve sua liderança no mercado de automóveis em toda a região sul-americana, com participação de 22,4% no primeiro seis meses de 2011.
Protestos
Apesar do avanço da indústria, cerca de 6 mil metalúrgicos realizaram um protesto contra o avanço das importações de veículos no Brasil, fechando uma pista da Rodovia Anchieta, sentido litoral, na região metropolitana de São Paulo, na última sexta-feira.
O objetivo dos trabalhadores é chamar a atenção do governo federal para o que consideram um risco de desindustrialização e de perda de postos de trabalho no Brasil.
Assim como o setor automotivo, por meio da Anfavea, os manifestantes pretendem entregar ao governo federal um documento que reivindica investimentos em tecnologia e inovação. Medidas para inibir as importações, redução de juros, investimento em qualificação profissional e outras ações que fortaleçam a produção nacional e os empregos.
No Brasil, o setor automotivo fechou junho com 142.727 empregados, um crescimento de 0,4% em relação a maio deste ano, segundo a Anfavea.