Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Fabricante de máquinas fecha e demite 130


Empresa não resistiu ao cancelamento de um pedido da General Motors

Marcelo Rehder

Sob pressão da crise financeira mundial, a fabricante de máquinas Cross Hueller, pertencente ao grupo americano Maxcor, fechou sua fábrica de Diadema, no ABC paulista, e não pagou os direitos trabalhistas dos 130 funcionários demitidos.

Segundo sindicalistas, a empresa vinha enfrentando dificuldades nos últimos meses e não teria resistido ao cancelamento de uma encomenda da General Motors para entrega de máquinas no valor de R$ 46 milhões, que seriam utilizadas na nova fábrica de motores da montadora em Joinville, Santa Catarina.

A GM informou, por meio de nota, que o pedido foi cancelado porque a empresa teve de redefinir os prazos tanto da construção civil quanto das instalações industriais da nova fábrica, por causa das fortes chuvas que castigaram a região.

O cronograma das obras deve sofrer atraso de ao menos um ano. A previsão agora é de que a nova unidade, que receberá investimentos de R$ 500 milhões, só deverá começar a operar a partir do primeiro semestre de 2011.

A montadora informou ainda que, de acordo com as práticas que regulam as relações comerciais, o cancelamento do pedido implicou o pagamento das despesas incorridas pela Cross Hueller. Por sua vez, a fabricante de máquinas não cumpriu o que manda a legislação trabalhista brasileira.

SEM RECEBER

Segundo cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o calote dado pela Cross Hueller é de aproximadamente R$ 6 milhões em verbas rescisórias devidas aos 130 trabalhadores demitidos. “Não recebemos nem um centavo sequer”, conta o ex-coordenador de suprimentos Eduardo Cesar de Azeredo, que trabalhava na empresa desde 1984.

O sindicato promete cobrar a dívida na Justiça, incluindo no processo a metalúrgica ThyssenKrupp, também de Diadema, como corresponsável.

Segundo o diretor executivo do Sindicato do ABC e coordenador dos metalúrgicos de Diadema, David Carvalho, em 2005 a Maxcor adquiriu a ThissenKrupp Metal Cutting, cuja razão social foi alterada para Cross Hueller. No entanto, não foi mudado o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) nem o contrato dos empregados, e a empresa continuou a operar no mesmo local que a ThissenKrupp.

Os sindicalistas programaram para hoje de manhã uma manifestação dos demitidos em frente à fábrica da ThissenKrupp.

NÚMEROS

R$ 6 milhões é o valor do calote da fabricante de máquinas Cross Huelles em verbas rescisórias dos funcionários demitidos

R$ 46 milhões é o valor da encomenda da GM à Cross Huelles, que foi cancelada

R$ 500 milhões é o valor de investimentos na nova fábrica da GM, que só deve entrar em operação a partir do 1.º semestre de 2011