Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Empresários e centrais vão às ruas

Valor Econômico

Empresários da indústria e sindicalistas firmaram ontem (27) uma agenda de manifestações em diferentes Estados para protestar contra a desindustrialização. Entre os principais pontos abordados pelo movimento está a guerra fiscal, na qual Estados tentam atrair desembarques aos seus portos por meio de benefícios tributários que dão ao produto importado uma vantagem adicional em relação ao fabricado pela indústria doméstica.

“Estamos preocupados com a perda de emprego e de competitividade na indústria”, disse o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.

Nesta terça-feira, uma comitiva de sindicalistas e empresários vai se encontrar com José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, para defender a aprovação da Resolução 72/2010, que trata da guerra dos portos. De acordo com Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), essa aprovação permitiria migrar a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da origem para o destino, neutralizando um mecanismo que os Estados detêm para beneficiar importados. Skaf calcula que 770 mil empregos deixaram de ser criados nos últimos cinco anos devido à guerra dos portos e 25% dos produtos em circulação hoje no Brasil sejam importados. “Quem fala que não tem desindustrialização no país está vivendo fora da realidade.”

A defesa dessa mudança do ICMS é um dos pontos de um manifesto com 22 propostas para proteção da indústria e do emprego que será encaminhado ao governo. Entre os pontos também estão medidas “urgentes” para atenuar a sobrevalorização cambial, a desoneração integral do investimento produtivo, o fortalecimentos das estruturas de defesa comercial do Ministério do Desenvolvimento (Mdic) e a criação de metas anuais de aumento de nível de emprego na indústria.

“O governo tem que baixar mais os juros, para no máximo 1% ou 2% reais, e tem que taxar o capital especulativo. As medidas tomadas até agora são muito tímidas”, avaliou Paulinho. “Não dá para 20 pessoas no Mdic fiscalizarem todos os portos brasileiros”, disse o parlamentar, referindo-se à escassez de funcionários no ministério. “Não temos a ilusão de que o mercado brasileiro deva ser fechado, mas não podemos abri-lo sem nenhuma proteção para o emprego”, afirmou Adi dos Santos, presidente da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo (CUT-SP).

O movimento, cuja primeira ação está marcada para 28 de março em Santa Catarina, conta com a participação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Força Sindical, CUT, metalúrgicos de São Paulo e do ABC, e de representantes da indústria de máquinas e equipamentos (Abimaq), têxtil (Abit), elétrica e eletrônica (Abinee), química (Abiquim), entre outros. Já estão marcadas manifestações também para o Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.

De acordo com Ubiraci Dantas, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), as ações seguem até 10 de maio quando a presidente Dilma Rousseff deve participar de uma reunião na Confederação Nacional da Indústria (CNI), para a qual o movimento levará “centenas de sindicalistas e empresários que estão preocupados com a desindustrialização”, segundo Paulinho.