Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Emprego com carteira perde fôlego

Ritmo de criação de vagas formais diminuiu em outubro, sinal da crise econômica mundial

MARCOS BURGHI, marcos.burghi@grupoestado.com.br

O ritmo de crescimento do emprego com carteira assinada na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) dá sinais de perda de fôlego. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, em outubro, foram abertos 25,8 mil novos postos formais de trabalho. O número é o menor do ano, inferior às 46,1 mil vagas abertas em setembro e ainda menor do que as 48,7 mil criadas em outubro de 2007.

Segundo Ezequiel Nascimento, secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério, a freada foi mais brusca do que a expectativa. “Esperávamos uma redução no volume, mas menor do que a registrada”, diz.

Na avaliação de Nascimento, as empresas contrataram menos porque as empresas estão avaliando os possíveis cenários econômicos para 2009.

Antonio Correia de Lacerda, professor doutor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), acredita que os números de São Paulo são um reflexo do que ocorre no País. Ele vê como positivo o fato de haver novas vagas com carteira assinada mesmo em um momento de agudização da crise mundial de crédito. “Enquanto há países que fecham postos de trabalho, no Brasil o crescimento continua, mesmo que mais lento”, analisa.

Lacerda concorda que as empresas estão mais cautelosas em relação aos rumos futuros da economia no Brasil e no exterior e por isso estão contratando menos. Ele afirma que se num momento agudo da crise o número de postos de trabalho segue em crescimento, se a turbulência ceder nos próximos meses a geração de novas vagas retomará a trajetória planejada antes dos problemas.

Brasil

Em termos nacionais, a geração de empregos formais também cresceu em um ritmo menor. Em outubro, foram 61,4 mil novas vagas com carteira assinada, quantidade bem aquém dos 282,8 mil postos de setembro ou das cerca de 205 mil vagas registradas em outubro do ano passado. Apesar do ritmo de crescimento mais lento, o estoque de vagas com carteira assinada no País aumentou 0,2% em relação a setembro. No ano, o crescimento foi de 7,42% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, os números continuam em alta e a desaceleração já era esperada. A expectativa dele é de que sejam criados em 2008 cerca de 2 milhões de novos postos de trabalho. Para 2009, ele acredita na criação de 1,8 milhão de novos empregos.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, ao comentar o Caged, que uma menor geração de empregos em uma fase de desaceleração da atividade econômica no Brasil é natural. Ele destacou que o importante é continuar criando empregos. “Ao contrário do que acontece nos países desenvolvidos, vamos continuar elevando o volume de empregos, mesmo com uma desaceleração no ritmo”, acredita o ministro.

Mantega observa que a meta de fechar o ano com 2 milhões de novos postos com carteira assinada deve ser atingida.