Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Em Itabira, berço da Vale, 3 mil foram dispensados e há ameaça de greve


Publicada em 13/12/2008

ITABIRA (MG) – Os efeitos da crise financeira não chegaram ao Brasil na forma de “uma marolinha”, como chegou a prever o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A cidade mineira de Itabira – berço da Vale e do poeta Carlos Drummond de Andrade – foi atingida por um verdadeiro tsunami. Ao escolher as minas de maior custo e com minério de ferro de menor qualidade, Itabira virou o alvo principal dos cortes de produção e de pessoal da mineradora, uma das maiores do mundo. As demissões, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Itabira e Região Extrativa, chegam perto de três mil empregados, entre diretos e indiretos.

A Vale informou estar fazendo de tudo para evitar mais desemprego. Para ganhar tempo e esperar que o mundo volte a consumir minério, a empresa propôs a suspensão temporária dos contratos de trabalho. A alternativa pode durar, pela legislação trabalhista, no máximo seis meses. Só que o presidente do sindicato Metabase, Paulo Soares, já disse que não aceita a proposta e quer discutir outras alternativas. Até porque, lembra ele, a Vale teria dito que estava preparada para enfrentar a crise global.

Se o diálogo não avançar, 2009 pode começar com greve na Vale e ocupação de minas. Além de transformar Itabira numa das primeiras vítimas brasileiras da crise financeira, a nova situação acabou colocando um ponto final na relação amistosa entre os empregados e a mineradora. Em abril, a Vale completa 20 anos sem greve.