Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Em ascensão, renda feminina é menor do que a masculina

Ganho da mulher no ano passado representava 66,1% do rendimento do homem

Salário dos trabalhadores domésticos homens em 2007, de acordo com o IBGE, era de R$ 447 e o das mulheres, de R$ 324

DA SUCURSAL DO RIO

Os resultados da Pnad mostram aumento da inserção feminina no mercado de trabalho, mas ainda sem equiparação da renda. Em 2007, o rendimento feminino representava 66,1% do rendimento masculino. Em 2004, esse percentual era de 63,5%. Segundo o IBGE, a maior diferença percentual foi registrada entre os trabalhadores por conta própria.

A diferença de rendimento aparece entre as diversas formas de ocupação. A remuneração dos trabalhadores domésticos do sexo masculino em 2007 era de R$ 447 e a das mulheres, de R$ 324. Entre os trabalhadores por conta própria, as mulheres recebiam R$ 585 e os homens, R$ 886. Mesmo entre os empregadores, os homens obtêm rendimentos maiores: R$ 3.038 contra R$ 2.356 entre as mulheres.

Relativização

Para Lena Lavinas, da UFRJ, o resultado precisa ser relativizado, porque as mulheres trabalham em média menos horas do que os homens.

“É preciso corrigir a proporção pelo número de horas trabalhadas. A atividade que mais ocupa as mulheres é o trabalho doméstico, e há uma parcela grande de mulheres que trabalham menos horas do que os homens”, disse.

Em 2007, 18,3% dos homens ocupados trabalhavam menos de 39 horas semanais. Entre as mulheres empregadas, esse percentual sobe para 40,6%. A proporção de mulheres que trabalham mais de 40 horas semanais é de 59,4% e a dos homens, de 81,7%.

Estudo

Se por um lado, em média, as mulheres trabalham menos horas, a pesquisa mostra que elas têm cada vez mais um número maior de anos de estudo.

“A escolaridade parece ser fator decisivo para a entrada da mulher no mercado de trabalho”, afirma a pesquisa. Na população ocupada, as mulheres tinham em média 8,3 anos de estudo e os homens, 7,3 anos. No total de mulheres avaliadas na pesquisa, 32% possuíam 11 anos ou mais de estudo. Entre as mulheres que estão empregadas, esse percentual sobe para 45,7%.

“O que explica a aproximação do rendimento é que a qualificação das mulheres é cada vez maior. Esse patamar mais próximo de rendimento mostra que o componente de discriminação, mesmo que de forma ainda leve, tem diminuído. As mulheres estão conquistando seu espaço no mercado de trabalho”, afirma Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Crescimento

A análise do aumento do nível de ocupação (proporção de pessoas ocupadas na população de dez anos ou mais) confirma o crescimento da presença feminina no mercado de trabalho. Em 1997, o nível de ocupação das mulheres era de 42,5%. No ano passado, chegou a 46,7%. No mesmo período, o nível de ocupação masculina caiu de 69,2% para 67,8%.

A pesquisa mostra ainda que as mulheres têm percentual de freqüência à escola maior do que o dos homens. A diferença é percebida em todas as faixas etárias, mas é maior no grupo de 18 a 24 anos, em que 30% dos homens estudam contra um percentual de 31,8% entre as mulheres.