Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Desemprego nas grandes cidades cai para 7,6%

Resultado de agosto é o 2.º menor desde 2002; rendimento subiu 1,2%

Jacqueline Farid, RIO

O mercado de trabalho metropolitano apresentou, em agosto, os melhores resultados de 2008, em nível nacional. A taxa de desemprego recuou para 7,6%, o segundo menor da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2002. O rendimento médio real dos trabalhadores subiu 1,2% ante julho, no maior acréscimo em relação ao mês anterior apurado em três anos. Para o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, a alta dos juros ainda não afetou a geração de emprego.

Além da queda na desocupação e do aumento na renda, o IBGE mostrou também uma nova alta na formalidade no País e um bom desempenho na ocupação industrial. Segundo Azeredo, caso os efeitos dos juros cheguem ao emprego, isso só ocorrerá a partir de outubro, já que há uma defasagem entre a elevação da taxa e suas conseqüências sobre os indicadores.

Ariadne Vitoriano, analista da Tendências Consultoria, também destacou que a “queda expressiva da taxa reflete o momento da atividade econômica que ainda segue forte, apesar da política monetária mais apertada”. A avaliação é que “os efeitos do aumento dos juros sobre a atividade serão sentidos mais para o final do ano e, preponderantemente, em 2009”. Por enquanto, “o mercado de trabalho continua respondendo positivamente ao aquecimento da atividade doméstica”.

O economista Fabio Susteras, do Banco Real Private Banking, considera os números do mercado de trabalho em agosto “impressionantes”, mas acredita que “a trajetória de queda das taxas de desemprego deve se reverter em algum momento, possivelmente no início do ano que vem, dada a desaceleração da atividade esperada com os efeitos na economia real da política monetária promovida pelo Banco Central”.

Susteras avalia que “também há risco de uma piora dos números do mercado de trabalho se houver um agravamento da crise financeira internacional, que afeta as expectativas dos empresários em relação aos planos de contratações”.

Azeredo, do IBGE, acendeu ainda o sinal de alerta em relação aos desdobramentos da crise global. Ele acredita que a tendência apontada historicamente para a trajetória do desemprego sublinha a perspectiva de uma taxa no menor nível da série em 2008. Porém, ressalta que isso dependerá dos efeitos da crise mundial.

Em agosto, ainda distante da crise, a taxa de desemprego caiu por causa do aumento da ocupação e da queda no número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego). Havia no mês 21,8 milhões de ocupados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, com 771 mil pessoas a mais (alta de 5,7%) do que em agosto do ano passado. Os desocupados somavam 1,79 milhão, com queda de 19,2% ante igual mês de 2007.

FORMALIDADE

A pesquisa mostrou também um aumento da formalidade no mercado de trabalho. Na comparação com agosto do ano passado, o número de empregados com carteira subiu 5,8%, acima do aumento no número do total de ocupados (3,7%).

“Há uma mudança na estrutura do mercado de trabalho, já que atividades mais formais, como indústria e serviços prestados à empresa estão elevando as contratações, e isso puxa a formalidade. Além disso, o cenário econômico estimula a formalidade e há mais fiscalização”, disse Azeredo.

Ele mostrou dados, na média de janeiro a agosto, relativos à participação dos empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo empregados domésticos e funcionários públicos), revelando que, em 2008, essa fatia chegou a 43,9%, superior à média do mesmo período do ano passado (42,1%) e muito maior do que a mesma média de 2003 (39,9%).

RENDA

Além do aumento de 1,2% na renda ante julho, houve também um acréscimo de 5,7% em relação a agosto de 2007, a maior variação ante igual mês de ano anterior desde junho de 2006. Apesar dos bons resultados, o rendimento médio para os ocupados nas seis regiões (R$ 1.253,70) ainda é 2,5% menor do que em agosto de 2002, quando chegava a R$ 1.285,30.