Anne Warth
Os coordenadores da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Seade, Alexandre Loloian, e do Dieese, Clemente Ganz Lucio, acreditam que o desemprego deve cair de forma lenta e gradual até o fim do ano. Segundo eles, o segundo semestre costuma ser melhor que o primeiro para o emprego. “Nada leva a crer que o segundo semestre será ruim. Ninguém aposta em redução do nível de atividade”, disse Loloian.
Lucio afirmou que o desemprego deve encerrar o ano muito próximo do nível de 2008, quando a taxa média foi de 14,1% nas seis regiões metropolitanas que fazem parte da pesquisa – Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Distrito Federal (DF). Se a previsão se confirmar, será a primeira vez em que deve ocorrer estabilidade, após cinco anos seguidos de queda no desemprego. “Será como se nada tivesse acontecido entre 2008 e 2009, com o mercado de trabalho relativamente estável.”
Para ele, o resultado poderá ser avaliado como positivo. “Para se ter uma ideia, o contingente de desempregados nas seis regiões metropolitanas aumentou em 100 mil pessoas em julho na comparação com julho de 2008, para 3,029 milhões de pessoas. São números elevados, mas bem menores que os milhões de desempregados a mais que temos visto nos países desenvolvidos em razão da crise.”
Por outro lado, ainda não será em 2010 que o País voltará ao período de 2004 a 2008, quando as taxas de desemprego caíram por cinco anos seguidos. Os coordenadores não arriscam números, mas apostam novamente em uma relativa estabilidade nas taxas de desemprego. Segundo eles, para que a taxa de desemprego permaneça estável de um ano para o outro, o País precisa crescer 3% ao ano. “Considerando as expectativas do mercado para o crescimento em 2010, que variam entre 3,5% a 4%, o desemprego não deve apresentar uma redução expressiva nem um aumento catastrófico”, afirmou Lucio.
Segundo ele, se confirmadas as expectativas de crescimento econômico nos próximos meses, a disposição das pessoas em procurar emprego deve aumentar, o que gera impacto na taxa de desemprego. “Atualmente, o mercado de trabalho não atrai muito as pessoas. A taxa de desemprego poderia estar muito maior se a População Economicamente Ativa estivesse crescendo da forma usual. Mas, quando a economia melhorar, essas pessoas vão voltar a procurar emprego, e, por esse motivo, é possível até que o desemprego cresça um pouco, apesar do provável aumento dos postos de trabalho.”
SÃO PAULO
A diminuição dos empregos no setor de Serviços da Região Metropolitana de São Paulo foi a responsável pelo pequeno crescimento da taxa de desemprego do País em julho ante junho, de 14,8% para 15%. A variação de 0,2% é avaliada como estabilidade pelos coordenadores da Fundação Seade e do Dieese.
Entre as seis regiões metropolitanas que fazem parte da pesquisa, o desemprego aumentou somente em São Paulo, de 14,2% em junho para 14,8% em julho. A taxa caiu em três das regiões: no Distrito Federal, recuou de 16,4% para 15,9%; no Recife, de 19,4% para 18,9%; e em Salvador, de 21,3% para 20,9%.
Em São Paulo, o setor de Serviços foi o que mais demitiu em julho, 67 mil ao todo, seguido pelo agregado “Outros Serviços”, que dispensou 4 mil pessoas. O setor de Serviços representa 54% dos ocupados da região.