Estadão Online
Economistas estão revisando suas projeções de crescimento para o PIB, com viés negativo
Yolanda Fordelone, do Economia & Negócios
SÃO PAULO – A possibilidade cada vez maior de desaceleração nas economias americana e européia já mudou a expectativa de crescimento para o Brasil. As principais consultorias reavaliaram suas projeções e os números ficaram mais pessimistas.
Exemplo disso é a MB Associados, que revisou a projeção do PIB de 2011 para 3,9%, de 4,2%. “A turbulência internacional trouxe a discussão sobre possíveis impactos na economia brasileira”, diz a MB Associados em relatório. O maior impacto decorre das menores exportações e da desaceleração da indústria. Por enquanto, segundo a consultoria, o setor de serviços é pouco afetado.
O banco UBS foi outra instituição a rever os cálculos. Em relatório, o banco afirma que o crescimento da economia do Brasil vai se desacelerar em 2011, com a queda das exportações e o declínio nos investimentos. O banco recalculou suas previsões e agora diz que o País irá crescer 3,1% em 2011 ao invés do número anterior de 3,9%. Em 2012, o crescimento deve ser de 3,6% e não mais de 4,1%.
A consultoria Tendências também está revisando a perspectiva de crescimento da economia brasileira em 2011, principalmente devido à produção industrial de junho mais fraca do que esperada. “Acreditamos que isso terá um impacto no PIB do segundo semestre”, diz a economista da Tendências, Alessandra Ribeiro. Inicialmente a consultoria projetava uma alta de 1,1% do PIB no segundo semestre em relação ao primeiro e de 3,9% em 2011. “A revisão ainda não está concluída, mas aponta para 0,7% no segundo semestre e 3,6% no ano”, afirma. Para 2012, a economista diz que a ala de 3,7% está mantida em princípio.
Já a LCA Consultores diz que o viés é de baixa, mas por enquanto não revisou seus números porque afirma que desde o início do ano mantém projeções menos otimistas que o mercado. “Nos mantivemos mais cautelosos. Não compramos a ideia de uma rápida recuperação da economia mundial”, diz o economista da LCA Consultores, Celso Toledo. A perspectiva é de alta de 3,4% do PIB em 2011 e de 3,7% em 2012. “Mas não ficaria surpreso se subisse apenas 3% neste ano”, confessa Toledo.
No último relatório Focus, que compila a opinião de 100 instituições financeiras, a projeção para o PIB em 2011 recuou de 3,94% para 3,93%. O número é próximo ao cálculo divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que reúne os números das equipes de análise dos associados. Após cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir a taxa básica de juros (Selic), a Febraban faz o relatório de projeções. No último, de julho, o crescimento do PIB em 2011 estava projetado em 3,9% e em 2012, em 4%. Segundo a assessoria de imprensa, dados fracos de atividade devem diminuir essa expectativa na próxima divulgação.
Resultados fracos
Nos últimos dias, aumentaram os sinais de um desaquecimento mais forte nos Estados Unidos e Europa. O PIB do 2º trimestre da zona do euro, por exemplo, avançou apenas 0,2%. Na Alemanha, o crescimento foi ainda menor, de 0,1%. Nos EUA, ontem foi divulgado o Índice do Fed da Filadélfia que caiu mais do que o esperado. O indicador caiu 30,7 pontos, enquanto analistas esperavam alta de 1 ponto.
O Brasil também já mostra sintomas de uma economia mais fraca. Além da produção industrial de junho, que teve forte queda, de 1,3%, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado como uma prévia PIB, teve queda de 0,26% em junho ante maio. É a primeira queda em 30 meses.