Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Demissões já somam 470 em Joinville


Escrito por Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis

O setor de autopeças de Joinville (SC) demitiu 470 pessoas entre novembro e dezembro, como reflexo da crise econômica mundial. Os cortes em Santa Catarina seguem demissões realizadas recentemente em outros estados, como Paraná e São Paulo, e estão também associados às férias coletivas de diversas montadoras no país por conta dos altos estoques. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos da região, por enquanto as demissões se concentram nas grandes empresas, como Tupy, Schulz e Ciser, e ainda não chegaram às indústrias de menor porte.

Segundo o presidente do sindicato, Genivaldo Ferreira, somando os últimos dois meses foram 228 trabalhadores dispensados da Schulz, 172 da Tupy e 70 da Ciser. “As demissões estão 50% maiores do que a média mensal”, explica ele, com medo de que em janeiro novas demissões aconteçam, caso a crise se aprofunde ainda mais.

Embora os cortes sejam pequenos perto do volume de empregados do setor, que somam cerca de 18 mil trabalhadores, as dispensas representam uma reversão de tendência. “Há um mês, essas empresas estavam contratando e estava difícil até mesmo achar mão-de-obra para preencher as vagas que estavam abertas.”

As demissões acontecem ao mesmo tempo em que o setor decidiu ampliar o período de férias coletivas. Geralmente, as empresas concediam de 10 a 15 dias no fim do ano, mas desta vez a maioria ampliou a parada entre 20 e 30 dias. “As empresas não têm para quem vender e não querem mais acumular estoques”, diz Ferreira. Pequenas empresas, que fornecem para as maiores, estão em férias coletivas, mas ainda não demitiram de forma significativa.

A Schulz, fabricante de peças usinadas para caminhões e tratores, não se pronunciou. A Ciser, que produz parafusos e porcas para montadoras, informou em nota que a média de demissões é de 48 profissionais por mês, contra 55 admissões por mês. Segundo a empresa, em novembro houve 60 demissões na área de produção por conta de ajuste de demanda. A empresa terá algumas equipes em férias coletivas de 30 dias. Já a Tupy, que fabrica blocos de motor para o setor automotivo, informou, por meio da assessoria de imprensa, que os cortes estão dentro de uma média mensal. A empresa tem 6,5 mil funcionários e relatou que a mão-de-obra dispensada recentemente não deverá ser substituída no curto prazo. Ela ampliou o período de férias coletivas de alguns setores da produção. O tradicional seria 15 dias, mas há segmentos que ficarão 30 dias parados.

Para o presidente do sindicato, as empresas estariam também aproveitando o momento para ajustar o quadro de funcionários antes de aproximar-se da data-base da categoria, em abril. Segundo Ferreira, se as empresas deixarem para fazer os cortes 30 dias antes da data-base terão de pagar o aviso prévio em dobro.

No Sindicato de Trabalhadores do setor de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar de Joinville (Sinditherme), em novembro foram cerca de 100 pessoas demitidas por conta do alto estoque no grupo Whirlpool (fabricante das marcas Consul e Brastemp e dono da empresa de compressores Embraco).

Rolf Decker, presidente do sindicato, diz que em dezembro o setor como um todo não demitiu de forma significativa, mas as férias coletivas de fim de ano foram também estipuladas para um prazo maior do que o tradicional. As férias de fim de ano serão de 20 a 30 dias. Em anos anteriores, eram de 10 a 15 dias. “Em algumas empresas, este será o quarto período de férias coletivas do segundo semestre porque já houve paralisação de parte dos funcionários em julho, em setembro e em outubro”. Diferentemente dos demais meses em que parte dos funcionários parou, em dezembro, segundo Decker, a totalidade dos 9,5 mil trabalhadores que o sindicato representa deverá entrar em férias coletivas.

De acordo com um levantamento da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) com 357 empresas do Estado, divulgado ontem, em novembro 181 pessoas perderam emprego no setor de metalurgia básica e 61 no setor de fabricação de produtos de metal, dois segmentos concentrados em Joinville.

Fonte: Valor Econômico