ÁLVARO FAGUNDES – DA REDAÇÃO
A decisão do Banco Central de manter a taxa de juros encontra poucas referências entre as principais economias mundiais. Com a piora da crise financeira global, apenas Rússia e Japão, além do Brasil, não cortaram a taxa entre as 20 maiores economias -a Indonésia foi a única que elevou os juros.
Desde o recrudescimento da crise, em 15 de setembro, com o pedido de concordata do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers, a maioria das principais economias globais reduziu os seus juros -algumas delas mais de uma vez, como os Estados Unidos (que em 21 dias cortou a taxa em um ponto percentual) e a Noruega (em que ela caiu de 5,75% para 4,75% em um período de duas semanas)-, buscando impedir ou minimizar uma recessão.
Mesmo alguns países que tiveram recentemente as suas moedas bastante desvalorizadas em relação ao dólar (como ocorre com o real) preferiram reduzir as suas taxas. Austrália e Coréia do Sul são exemplos dessa política monetária. No caso do país asiático, o corte de 0,75 ponto percentual foi o maior já realizado pelo BC.
Tirando a Indonésia (que aumentou a taxa no início do mês dizendo estar preocupada com a inflação), o Brasil, o Japão e a Rússia foram os únicos entre as 20 maiores economias globais que não reduziram os juros entre os países com um PIB de pelo menos US$ 432 bilhões em 2007, mas os japoneses, segundo o jornal “Nikkei”, pretendem diminui-la na reunião de amanhã, o que colaborou para a forte alta de ontem na Bolsa de Tóquio.
Se não encontra muitas referências entre as grandes economias mundiais, a decisão brasileira foi adotada por grande parte dos principais países da América Latina, como México, Chile, Venezuela e Colômbia. No caso mexicano, porém, já há sinais de que a taxa deverá ser reduzida nas próximas reuniões.
A decisão de aumentar os juros após o recrudescimento da crise foi seguida por poucos países, como a Islândia e a Hungria, que recorreram nos últimos dias a empréstimos bilionários do FMI (Fundo Monetário Internacional) depois da retirada maciça de dinheiro por parte dos investidores estrangeiros.