José Pastore
Ainda estamos no meio da crise de emprego e tudo indica que o desemprego vai crescer nos próximos meses em decorrência da falta de confiança, de demanda e de crédito. É bem possível que, em meados de 2009, a taxa de desemprego medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chegue a 8% – o que significa cerca de 8 milhões de pessoas totalmente paradas, sem ter o que fazer e sem poder ganhar. A crise é séria.
Mais cedo ou mais tarde, porém, isso vai passar. Pode ser no início ou no final de 2010. O que significa o fim da crise para o emprego e para os profissionais?
Do lado do emprego, é provável que uma grande parte dos trabalhadores que foram desempregados será empregada. Outra parte não. Estes terão de buscar trabalhos por conta própria porque quando as empresas se habituam a fazer economia de pessoal – na hora da crise -, isso tende a perdurar por certo tempo mesmo depois de superados os problemas.
Do lado dos profissionais, tudo indica que a concorrência entre eles venha a aumentar. Isso já está ocorrendo. O mercado de trabalho está muito exigente em termos de domínio das profissões e conhecimentos de áreas correlatas a elas.
Com o avanço das tecnologias e dos métodos de produção, as exigências cognitivas e atitudinais aumentam continuamente. Do economista, espera-se algum conhecimento de sociologia, direito, administração, etc. De um técnico em eletricidade, espera-se boas noções de resistências de materiais, administração, cálculo de custos e assim por diante. De um advogado, espera-se boas noções de economia, psicologia, sociologia e outras disciplinas. Estamos no mundo da multifuncionalidade.
Se isso já é assim hoje, depois da crise as exigências podem se acentuar. Como as empresas empregarão menos pessoas em seus quadros fixos, o recrutamento será mais rigoroso. Os que forem reempregados terão de ser mais capazes do que os que foram desempregados.
Por isso, nesta hora de crise, quando chega a manta do desânimo, essa é a hora de estudar mais e melhor. Você, que é jovem, capriche nos cursos que está fazendo e, se possível, avance no estudo de áreas conexas à carreira que pretende seguir. Isso porque o trabalho é uma atividade cada vez mais polivalente e que, por isso, exige a combinação de conhecimentos e a cooperação em grupo – o que é facilitado quando as pessoas são especialistas na sua profissão e generalistas na sua formação geral.
PROFESSOR DE RELAÇÕES DO TRABALHO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)