Confronto entre funcionários provoca incêndios e destruição no maior empreendimento em construção no país
Governo de Rondônia e consórcio dizem que houve vandalismo; problema de condição de trabalho é negado
Alisson Carlos/Rondoniagora
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Incêndios no canteiro de obras da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (RO), empreendimento de R$ 11 bilhões
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE SÃO PAULO
Briga entre funcionários da usina de Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, provocou incêndios e destruição no canteiro de obras da hidrelétrica, que abriga 20 mil funcionários. Incluída no PAC, é a maior obra em andamento no país.
O confronto parou a construção por ao menos dez horas, até a manhã de ontem, quando a PM conseguiu controlar a manifestação.
Segundo a Secretaria da Segurança de Rondônia, 45 ônibus, que fazem o transporte dos trabalhadores pelo canteiro, e 35 alojamentos foram queimados ou destruídos. Outras 30 instalações da usina foram danificadas.
Até a tarde de ontem, 31 pessoas haviam sido presas. Não houve feridos.
O estopim, de acordo com a secretaria, foi uma briga entre funcionários da obra e um motorista de ônibus.
A secretaria e o consórcio responsável pela obra, o ESBR (Energia Sustentável do Brasil), dizem que a manifestação foi um ato isolado de vandalismo e que não foram entregues reivindicações pelos trabalhadores revoltosos -que eram 350.
As empresas que operam os ônibus do canteiro, porém, afirmam que havia uma insatisfação crônica com as condições de trabalho em Jirau e que os funcionários só aguardavam um “estopim” para se manifestar. Entre os problemas, há o pagamento de horas extras e o corte de bonificações.
O sindicato dos trabalhadores, que já organizou três paralisações da obra desde 2009, nega problemas e diz que houve “vandalismo”.
A Camargo Corrêa, que integra o consórcio, informou que só cinco alojamentos foram incendiados. O consórcio nega que haja problemas nas condições de trabalho.
Cerca de cem policiais militares permaneciam até ontem à noite no canteiro de obras. O governo de Rondônia pedirá ao governo federal que a Força Nacional de Segurança seja enviada a Jirau.
VOLTA AO NORMAL
O ESBR e a construtora Camargo Corrêa disseram que a obra estava “voltando a suas atividades normais” ontem.
A Secretaria da Segurança, porém, informou que muitos funcionários deixaram a obra durante o motim e não voltaram, e que o consórcio ainda trabalha para reestruturar a parte administrativa do canteiro -o que deixa a operação “limitada”.
O sindicato que representa os trabalhadores está preocupado também em achar abrigo para os funcionários que tiveram seus alojamentos destruídos. Parte dos operários não quer mais permanecer hospedada no canteiro de obras, temendo rebeliões.
A usina tem previsão total de investimentos de R$ 11 bilhões e potência de 3.450 MW. O consórcio que administra a obra espera começar a gerar energia em 2012.