O 8 de março é símbolo de uma luta que atravessa a história. É um marco histórico dentro daquilo que são as lutas das mulheres. Existe um caráter transformador que acompanha esta data. Das melhores condições de trabalho ao direito ao voto, da representatividade política à igualdade de direitos. Do direito à vida, de viver sem violência.
Apesar dos avanços, o machismo ainda segue dominante e, com ele, todos os velhos problemas que impedem a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Logo, temos pouco ou nada a comemorar. Particularmente neste último ano, que vivemos uma pandemia que trouxe aspectos muitos mais complexos e uma dimensão social, econômica e política muito maior para as mulheres.
Na questão social e econômica, existe um aprofundamento muito intenso da desigualdade, que já vinha crescendo no início da pandemia, quando tínhamos 13 milhões de desempregados. Hoje este número é muito maior, e reflete consideravelmente no emprego das mulheres.
Com a chegada de mais um 8 de Março, dados estatísticos mostram que viver em segurança está cada vez mais distante para as mulheres. De acordo com números levantados pela Rede de Observatórios da Segurança, 200 mulheres foram mortas em São Paulo, em 2020. No mesmo ano, aconteceram 384 tentativas e 118 estupros. O Estado concentra 40% dos crimes contra mulheres monitorados pela Rede.
Neste 8 de março, a mensagem que devemos deixar é que a esperança requer também ação e atitude. Se queremos viver numa sociedade melhor, que nos compreenda como sujeito de direitos e protagonismo, precisamos agir em favor das mulheres que estão em vulnerabilidade e daquelas que podem fazer a mudança no espaço de poder que ocupam. Que, juntas, possamos construir uma sociedade fraterna, mais equânime, em que as pessoas possam viver plenamente o direito a democracia.