DCI – Iara Oliveira
A Avibras Aeroespacial demitiu esta semana 170 dos 1.100 funcionários de suas três fábricas, em São José dos Campos, Jacareí e Jambeiro, em razão de dificuldades financeiras. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, a empresa alegou como principal motivo a demora do governo federal em assinar o contrato de desenvolvimento do novo sistema de artilharia Astros 2020.
O armamento deveria ser desenvolvido em parceria com o Exército que também faria encomendas do Astros 2020. A exemplo do atual sistema de artilharia Astros II, com o novo armamento a empresa também visa o mercado externo. As demissões atingiram todos os setores e representaram 16% do quadro de funcionários, segundo informações do sindicato. Terça-feira (25) os funcionários pararam a produção por sete horas, no período da manhã, para protestar contra as demissões. Em assembleia, eles aprovaram a ida de um grupo de trabalhadores a Brasília para pressionar o governo a negociar uma solução com a empresa.
Eles reivindicam estabilidade, a suspensão imediata das demissões, abertura de negociações e aprovação imediata do Programa Astros 2020, como forma de garantir os empregos. Segundo o sindicato, a empresa aceitou conceder estabilidade até 5 de março para os trabalhadores que não foram demitidos. A Avibras também se comprometeu a priorizar aos demitidos em caso de reabertura de vagas, segundo a entidade que representa os trabalhadores.
“O Sindicato já foi a Brasília por duas vezes, durante o governo Lula, para reivindicar a assinatura do contrato e a estatização da Avibras. No dia 28 de outubro, em reunião com o presidente do Sindicato, Vivaldo Moreira Araújo, o então ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, manifestou-se favorável a uma atenção especial do governo federal em relação ao setor de defesa”, disse o diretor do sindicato, José Donizetti Ferreira.
Segundo Ferreira, no ano passado, a empresa afirmou ao sindicato que o programa Astros seria decisivo para a manutenção de 600 empregos. No final de 2010, a Avibras recebeu um empréstimo de R$ 12 milhões do governo federal para ajudar na recuperação da saúde financeira da empresa.
“A empresa se recusa a conversar sobre a suspensão dos cortes. Mas o governo federal também tem sua responsabilidade e vamos exigir da presidente Dilma uma atitude imediata contra as demissões”, afirmou Ferreira.
O Sindicato dos Metalúrgicos informou que fará o cadastro dos demitidos para identificar possíveis irregularidades. Trabalhadores lesionados, cipeiros e gestantes têm estabilidade garantida, segundo o sindicato. A Avibras e o Ministério da Defesa não comentaram as demissões.