Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis
Cerca de 300 trabalhadores fizeram um protesto na manhã de ontem em Itajaí. Entre as reivindicações estavam a maior agilidade na conclusão das obras de recuperação do porto. A manifestação, organizada por diversos sindicatos como o dos trabalhadores portuários e a Força Sindical, parou a BR-101, rodovia próxima ao porto, por cerca de uma hora.
“Estamos apelando ao governo federal para que acelere a reconstrução do porto e da cidade, que depende economicamente do porto. É preciso ser mais rápido porque toda a obra (dragagem e reconstrução) poderá levar até um ano desde as enchentes e isso é muito tempo”, disse Saul Airoso da Silva, representante dos trabalhadores portuários. Segundo ele, o porto dava emprego a cerca de 800 trabalhadores avulsos que hoje, na sua maioria, estão sem trabalho em razão das atividades parcialmente comprometidas desde a tragédia, em novembro.
As obras de dragagem do rio Itajaí-Açu, onde estão os portos de Itajaí e de Navegantes, começaram no dia 30 de dezembro e o prazo para conclusão era estimado, pelo consórcio Draga Brasil, inicialmente para a primeira quinzena de março, poucos dias antes do prazo legal. Há cerca de 10 dias, contudo, o consórcio, composto pelas empresas EIT, DTA Engenharia, Equipav e Chec Dredging, conseguiu novo prazo na Secretaria Especial de Portos para concluir os trabalhos. De acordo com a assessoria de imprensa do consórcio, foi recolhido o volume estimado inicialmente no contrato, de 2,2 milhões de metros cúbicos de sedimentos, mas foi necessário mais tempo porque há mais sedimentos do que o previsto. O novo prazo é 19 de maio, mas, segundo a assessoria, “em alguns dias”, a profundidade já deve atingir os antigos 11 metros. Hoje, ela está em 10 metros.
O superintendente do porto de Itajaí, Antônio Ayres, considerou a manifestação legítima. Entende que é justa a preocupação com a economia local, mas destacou que foi “inoportuna” a cobrança pelas obras, uma vez que elas estão em execução. “Houve percalços administrativos e questões operacionais para a demora, mas também não é possível fazer tudo em um passo de mágica”.
Com a profundidade de 10 metros, no porto de Itajaí, em março foram 81 atracações, com movimentação de 400 contêineres por atracação. Segundo Ayres, antes das enchentes a movimentação era de 800 contêineres por atracação.
Já o superintendente do porto de Navegantes, Osmari Castilho, reclamou da demora, o quarto atraso nas suas contas. Com a profundidade atual o porto não consegue operar com os navios a plena carga. Ele diz que em outubro a Portonave movimentou 44 navios com 22 mil contêineres e em março, 49 navios, mas com um volume de 14 mil contêineres. “Esses números mostram que os navios estão com ociosidade e isso tem impacto no custo”.
A reconstrução de dois berços de atracação em Itajaí começou em março e está prevista para ser concluída no segundo semestre.