Federação dos Metalúrgicos do Estado de SP
Mais uma data-base da categoria metalúrgica do Estado de São Paulo se aproxima e, como em qualquer outro setor profissional, o “muro das lamentações” empresarial se manifesta.
Deveria ser diferente? Ora, todos os índices econômicos demonstraram-se positivos e animadores durante o último ano. Para quem está no dia-a-dia das fábricas, como os trabalhadores e seus sindicatos, a obviedade dos aumentos da produtividade nas indústrias metalúrgicas ficaram evidentes. Explosões de horas-extras, carência total de força de trabalho especializada no mercado, investimentos na capacidade instalada das empresas, novos turnos de trabalho, aumento gigantesco nas arrecadações de impostos etc.
Então, após mais um ano de crescimento e enriquecimento real dos setores produtivos, o cinismo na hora de dividir as benesses do sistema surge de uma maneira cruel. O discurso muito usado na década de 70 de que deveríamos esperar o bolo crescer para então dividir não mudou em nada.
Vivemos hoje não mais a lógica da organização por emprego (o que parece algo muito mais mobilizador), mas a lógica opressora de que é melhor estar trabalhando por salários pífios do que estar parado o que, portanto, deixa os trabalhadores e seus representantes de mãos atadas em suas ações por uma parte maior deste “bolo” que parece crescer apenas para o Estado e para quem detém o capital.
Para engrossar o discurso patronal, as “bolhas” de crescimento mundial entram em crise e expõem as feridas de décadas de uma política econômica selvagem e globalizada. E o que se ameaça em primeira instância quando uma dessas “bolhas” estoura? Claro, o emprego!
Corte custos, reprograme a produção e a gestão de sua empresa e mande pais de família para o olho da rua. Negocie o perigo de perdas com a idéia da manutenção de postos de trabalho que, à princípio, trabalhadores e sindicatos se darão por satisfeitos. Sem dúvida, as formas de opressão se dão inclusive em negociações com caráter democrático.
Devemos fazer contas diante dos reajustes salariais propostos? Talvez não! Talvez seja melhor deixar um pouco as questões econômicas de lado e pensarmos na tirania do sistema em que vivemos em nossas relações sociais, aqui especificamente nas trabalhistas. Devemos falar em ganhos sociais? Talvez não! Talvez seja melhor pensarmos em como nos defender, como trabalhadores, das diferentes sutilezas de um sistema injusto e opressor de negociação em que sempre nos cabe o trabalho duro e os restos de seus resultados.
Marco Antonio Mota é sociólogo e assessor da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo.
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