Depois da forte pressão dos dirigentes brasileiros da CNTM/Força Sindical e CNM/CUT, latinos-americanos e caribenhos, o novo sindicato IndustriALL Global Union aceitou destinar nove cargos em sua direção para membros da América Latina e Caribe.
Miguel Torres, presidente da CNTM e presidente em exercício da Força Sindical, diz que foi preciso “uma grande manifestação de protesto, pois queriam ofecerer apenas seis vagas. Vale ressaltar o apoio que recebemos de dirigentes sindicais de outros países como, por exemplo, os da África do Sul”.
Para Edison Venâncio, secretário de relações internacionais da CNTM, “a solidariedade entre dirigentes brasileiros, caribenhos e latino-americanos, com apoio de dirigentes de outras regiões, foi crucial para conquistarmos este importante avanço”. “Na reunião do Comitê Executivo da IndustriALL, no final deste ano, será feita a alteração estatutária para incluir os nove membros da América Latina e Caribe”, explica Edison.
Congresso
O Congresso de fundação da IndustriALL Global Union foi realizado em Copenhague, Dinamarca, de 18 a 20 de junho, a partir dos congressos de dissolução das federações FITIM (Federação Internacional dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas), ICEM (Federação Internacional de Sindicatos da Química, Energia, Minas e Indústrias Diversas) e FITTVC (Federação Sindical Internacional dos Trabalhadores dos setores Têxtil, Vestuário e Couro).
A IndustriALL surge com 50 milhões de membros filiados e representará os trabalhadores em uma ampla gama de setores, desde extração de petróleo e gás, minério, geração e distribuição de eletricidade até manufatura de metais e produtos metalúrgicos, construção de barcos, indústria automotiva, indústria aeroespacial, engenharia mecânica, eletrônica, indústria química, borracha, papel e pasta de papel, materiais de construção, indústria têxtil, confecção, couro e calçado e serviços ambientais.
A nova entidade, com sede em Genebra, Suíça, será presidida por Berthold Huber, presidente do IG Metall (Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha), e terá como secretário-geral Jyrki Raina, metalúrgico irlandês que era secretário-geral da FITIM.
Jyrki Raina disse aos 1.400 delegados de 140 países presentes ao Congresso que “os trabalhadores têm que agir globalmente, porque os mercados são globais, o capital é internacional, e a informação e a comunicação também se dão em nível mundial”.
CNTM/Força Sindical
Pela Força Sindical vão participar da direção da IndustriALL como titulares: Eunice Cabral, presidenta do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias Têxtil, Vestuário, do Couro e do Calçado (Conaccovest), e Mônica Veloso, vice-presidenta da CNTM. Do setor químico, Edson Dias Bicalho, secretário-geral da Federação dos Químicos do Estado de São Paulo (Fequimfar) ficou na suplência de Mônica Veloso.
Sergio Luiz Leite, o Serginho, presidente da Fequimfar, afirmou que foi acordado que os metalúrgicos e os químicos da Força Sindical trabalharão juntos, ou seja, farão uma gestão compartilhada. Ele observou também que ficaram na suplência sindicalistas do México, Argentina, Colômbia, Guatemala e Porto Rico, fato que garante a representatividade da América Latina e Caribe para construir de forma democrática a solidariedade global.
Eunice Cabral concorda que a IndustriALL fortalecerá os trabalhadores. “No mundo globalizado, as multinacionais atuam em vários países, pagando salários mais baixos em locais onde os trabalhadores enfrentam muitas dificuldades de se organizarem em sindicatos. A IndustriALL atuará para enfrentar este desafio”.
O programa aprovado para atuação da nova entidade em nível mundial contempla as seguintes ações: moção de apoio à greve dos mineiros da Espanha; campanha mundial pelo trabalho seguro; combate ao trabalho infantil; combate ao trabalho escravo; luta em defesa do Trabalho Decente.
Acesse o site http://www.building-power.org/es
Por Val Gomes imprensa@cntm.org.br e Dalva Ueharo imprensa@fsindical.org.br