Marcelo Rehder
A forte inflação de serviços, que caminha para ultrapassar os 9%, reflete claramente a pressão de demanda provocada pelo aumento da massa real de rendimentos do trabalho. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou variação de 6,7% nos últimos 12 meses, os preços dos serviços subiram 8,7% no mesmo período.
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, esse problema da inflação dos serviços não se resolve no curto prazo. “Ela não cai porque está sempre referenciada ao passado”, explica o especialista.
Por outro lado, a pressão da escassez de mão de obra representa aumento de salários para os trabalhadores e elevação de custos para as empresas. Em setores que não enfrentam concorrência de produtos importados, como é o caso dos serviços e mercado imobiliário, os custos são facilmente repassados adiante.
“Seria preciso ter um programa mais longo de desindexação, e isso não se faz na hora em que está ruim”, diz o economista.
Repasse
No começo do ano, José Roberto Mendonça de Barros ouviu de um empresário do mercado imobiliário que foi fácil vender em 2010. O mercado estava crescendo tanto que não precisava nem fazer força para comercializar apartamentos. O problema, porém, está sendo entregar os imóveis por conta da escassez de profissionais. “O que todo mundo fez foi uma combinação de atraso, aumento de preço e piora de qualidade”, diz.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, informa que setores como o de tubos e conexões para construção civil e obras de infraestrutura — itens difíceis de importar — estão conseguindo repassar os custos do custo da mão de obra para os preços.
Já em setores nos quais os produtos competem com os importados, a “guerra para manter o preço competitivo é enorme”, de acordo com ele.