* Por João Guilherme Vargas Netto
Algumas coisas novas estão acontecendo com os metalúrgicos aqui no Brasil e são coisas boas.
A primeira delas é a vitória – para quem sabe lutar e luta com unidade e determinação – obtida em inúmeros acordos salariais, com aumentos reais, abonos e aumento dos Pisos salariais. Os metalúrgicos da região de Campinas, de São José dos Campos, de São Caetano, de Curitiba, de São Paulo, Osasco e Guarulhos têm dado demonstrações fortes de empenho e mobilização e alcançado resultados espetaculares.
Relacionado com esta situação e acompanhando a nova estruturação do setor automotivo vem acontecendo a mudança de paradigma dos reajustes salariais no setor. Em algumas das plantas que ainda ganhavam salários menores e tinham Pisos mais baixos os avanços são mais acelerados que em algumas outras, que eram referência. O peso específico sindical se desloca e passa a exigir novos padrões de coordenação das campanhas salariais, com ênfase no contrato coletivo nacional articulado.
Embora os grandes Sindicatos ainda determinem o ritmo do processo, tem crescido o papel aglutinador das duas Confederações metalúrgicas nacionais, a CNTM da Força Sindical, presidida por Clementino Vieira, e a CNM da CUT, presidida por Carlos Alberto Grana. A capacidade destas duas entidades nacionais em organizar e orientar seus filiados, juntamente com a vontade de ação unitária em torno das bandeiras comuns, deverá resultar em melhor coordenação nacional das lutas dos metalúrgicos.
Diga-se, para registro, que esta tendência entre as organizações dos trabalhadores tem sido contrariada pela tendência patronal de pulverizar as negociações com uma grande quantidade de organizações, muitas delas inexpressivas na vida real.
E, finalmente, os metalúrgicos, como massa de trabalhadores que foram decisivos no enfrentamento e superação da crise, a cada dia, superam as marcas em sua quantidade.
Enquanto, durante os anos FHC, chegaram ao fundo do poço com 1,1 milhão em todo o Brasil, já ultrapassam agora a marca dos 2 milhões. Em uma reunião recente com a Força Sindical, o secretário geral da Fitim (Federação Internacional de Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas), Jyrki Raina, ficou impressionado com este crescimento, que aconteceu nos anos recentes na direção oposta ao que se passava no mundo.
Segundo ele, os metalúrgicos brasileiros representam hoje 10% dos metalúrgicos da base da Fitim no mundo inteiro porque aqui cresceram, enquanto os empregos de seus colegas foram dizimados em outros países.
* João Guilherme V. Netto é membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores