Os presidentes da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e da CUT, Artur Henrique, serão recebidos em audiência pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para discutir medidas que ponham fim à caótica situação dos cortadores de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, submetidos à condição análoga à de escravo no País.
A iniciativa dos dirigentes das duas centrais, que têm sindicatos na área do corte de cana, deve-se à reportagem da Folha de S.Paulo, de 24 de agosto, publicada sob o título “O submundo da cana”, que retrata a situação desses trabalhadores no Estado de São Paulo.
“Ficamos estarrecidos e indignados”, reagiu Paulinho, acrescentando que a luta pelo trabalho decente e digno não pode ficar restrita a sindicatos, federações e confederações de trabalhadores. Para ele, a luta é mais ampla, necessita da participação dos empresários e da ação forte do Ministério Público do Trabalho e também do governo federal. “Não podemos admitir que trabalhadores no Século 21 e no maior e mais poderoso estado da União vivam em condições semelhantes às condições em que viviam os escravos pouco antes da libertação, em maio de 1888”, afirmou.
Paulinho conversou por telefone com Lupi, que já aceitou receber as centrais sindicais e está mandando a carta apenas para formalizar a reunião.
Na opinião do movimento sindical, os empresários sérios não podem permitir a continuidade da situação degradante a que os cortadores de cana estão submetidos, sob pena de o Brasil sofrer retaliações no comércio internacional, especialmente na exportação do etanol, que será usado como combustível de veículos automotores. “Queremos medidas que acabem com esta vergonha nacional”, enfatizou Paulinho.
Além da questão dos cortadores de cana, Lupi deve discutir com a Força e a com CUT a questão do imposto sindical. As duas centrais defendem a extinção do imposto e a criação da contribuição negocial. A nova taxa substituiria o imposto sindical, que equivale a um dia de salário, descontado de forma compulsória. O valor da nova taxa não está acertado, e a CUT, Força Sindical e parte da UGT defendem que o teto seja de 1% da renda anual do trabalhador.
Mas outras centrais são contra a mudança. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), por exemplo, se manifestou contra a proposta da CUT e da Força. A Conlutas, ligada o PSOL, divulgou nota afirmando ser contra o imposto e a contribuição negocial.