Débora Melo do Agora
O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse ontem que a prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para eletrodomésticos da linha branca –geladeira, fogão, máquina de lavar roupas e tanquinho– está condicionada à geração de mais empregos e à realização de mais promoções para o consumidor. As afirmações foram feitas após uma reunião com empresários do setor.
Mantega afirmou que o objetivo do governo é dar continuidade às vendas elevadas e “proporcionar o melhor Natal para o consumidor brasileiro”. O ministro disse ainda que o governo verificou que o desconto foi repassado ao consumidor, mas não soube dizer se o repasse foi total.
O incentivo fiscal, em vigor desde abril deste ano e que deixou os produtos, em média, 10% mais baratos, deveria acabar no próximo sábado. A fim de manter as vendas em alta, a prorrogação só deverá ser anunciada no final desta semana. “Eu não costumo fazer previsões, até mesmo porque elas seriam prejudiciais”, disse Mantega.
Questionado se havia feito imposições específicas aos varejistas, Mantega só disse que o comércio deveria oferecer mais “facilidades” aos consumidores e que a geração de empregos é prioridade. “Nosso objetivo primeiro é o emprego. É a massa salarial que move a economia, quem consome são os trabalhadores.”
A presidente do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), Luiza Trajano, disse que somente após o anúncio da prorrogação do incentivo é que será possível decidir sobre a contratação de funcionários no final do ano. Segundo ela, não foi pedido um prazo específico para a prorrogação.
O presidente da Eletros (associação de fabricantes de produtos eletroeletrônicos), Lourival Kiçula, disse que as vendas para o varejo superaram em 2 milhões a expectativa inicial com o IPI menor –de 8 milhões para 10 milhões de unidades. Segundo ele, o setor está preparado para aumentar a produção.
Facilidades
Em relação às ações do varejo que justificariam a prorrogação do IPI reduzido, Luiza disse que o setor já está fazendo promoções. Ainda segundo ela, a redução dos juros cobrados dos consumidores só seria possível com a diminuição das taxas que incidem sobre os recursos captados pelo varejo nos bancos.
Para Fabio Pina, economista da Fecomercio-SP (federação do comercio), o que pode haver é aumento dos prazos de financiamentos e queda dos preços no pagamento à vista.
Segundo o economista da Associação Comercial de São Paulo, Emilio Alfieri, já existem redes que oferecem financiamentos em até 18 meses. “O prazo, mais do que a taxa de juros, é que faz cair o valor da prestação.”