
Por Auris Sousa | 19 set 2025
No dia 20 de setembro de 2022, dois trabalhadores e sete trabalhadoras perderam a vida e outros 28 ficaram feridos no desabamento do mezanino da empresa Multiteiner, em Itapecerica da Serra (SP). A maior tragédia acidentária do setor metalúrgico de Osasco e região completa agora três anos e segue mergulhada na impunidade.
Três anos se passaram, nenhuma responsabilização foi feita e nenhuma reparação digna foi garantida às famílias. A empresa, no entanto, segue descumprindo a legislação trabalhista e previdenciária. Na época do acidente, foram constatadas também outras ilegalidades: ausência de licenciamento ambiental para atividades industriais e funcionamento sem alvarás.
A prefeitura interditou a empresa após o acidente, que voltou a operar dias depois como se nada tivesse acontecido. Uma afronta à memória das vítimas.
O que sabemos:
– A Polícia Civil ainda não concluiu o inquérito que avalia as responsabilidades da empresa pelo acidente.
– Após os dois anos da tragédia acidentaria, prescreveu o tempo para que novas ações trabalhistas fossem movidas. – O Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho seguem acompanhando o caso, mas não há nada e concreto.
– A nossa indignação e o nosso luto têm se transformado em luta. A Ação Civil Pública que movemos contra a empresa, no ano passado, foi negada pela Justiça do Trabalho, em sede de Primeira Instância (2ª Vara do Trabalho de Itapecerica da Serra/SP), que não reconheceu o Sindicato como parte para propor a ação civil pública. Recorremos, então, da decisão. A luta é por reparação integral às vítimas e seus familiares, e por responsabilização da Multiteiner.
– Para além do acidente, temos pressionado o Ministério do Trabalho e Emprego a fiscalizar de forma rigorosa a empresa, para garantir que os atuais trabalhadores e trabalhadas tenham seus direitos respeitados e para evitar que novos acidentes aconteçam.
Três anos sem respostas é um grande descaso. Não podemos aceitar que, em pleno século XXI, empresas sigam operando à margem da lei, explorando vidas e destruindo famílias sem nenhuma consequência. A memória das nove vítimas exige justiça. A sociedade exige respostas.
Três anos depois, seguimos perguntando: quantas vidas mais precisarão ser perdidas para que a lei seja cumprida e a justiça seja feita?