Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sindicatos iniciam campanhas salariais animados com recuperação econômica


Principais categorias, como bancários e metalúrgicos, querem ganho real

Lino Rodrigues, Aguinaldo Novo e Liana Melo

SÃO PAULO e RIO. A recuperação da economia deve esquentar as negociações salariais no segundo semestre, que concentra as datas-base das categorias mais organizadas. São ao menos três milhões de trabalhadores, entre metalúrgicos, bancários, petroleiros e comerciários. Na segunda-feira, os bancários lançaram sua campanha com pedido de ganho real de 5%.

Ontem, foi a vez de os metalúrgicos de São Paulo, ligados à Força Sindical, fecharem sua pauta, antecipando-se à data base, em 1º de novembro. A exemplo do que fazia na época da inflação alta, a mobilização da Força Sindical será simultânea à dos metalúrgicos vinculados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que têm data em setembro.

 

Os sindicalistas acham que uma melhora na atividade econômica pode ajudar na luta por aumentos reais. Eles consideram, e usarão isso nas negociações, que os trabalhadores deram a sua parcela para amenizar os efeitos da crise financeira global, como os acordos de redução de jornada de trabalho e salários fechados em vários setores na primeira metade do ano.

 

– Vai ser um jogo difícil – avalia o economista João Saboia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), prevendo que, apesar de a economia estar dando sinais de recuperação, o empresariado tenderá a alegar que o país terá crescimento zero.

 

Os 210 mil metalúrgicos da CUT, que no ano passado conseguiram 3% de aumento real, este ano querem um reajuste entre 0,5% e 1,5%, mais a inflação.

 

Na Força Sindical, que abriga cerca de 700 mil trabalhadores, os metalúrgicos pedirão aumento real (a ser definido durante as negociações) e redução da jornada para 40 horas.

 

– A indústria está retomando a sua produção. Os trabalhadores contribuíram para a superação da crise. Agora, é hora de buscar o aumento salarial – diz Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, filiado à Força.

 

Comerciários reivindicam pagamento de hora extra Mas os sindicalistas esperam uma forte resistência dos patrões, que, segundo eles, vão tentar se blindar contra a crise segurando os salários.

 

– Certamente os patrões vão endurecer, mas não aceitaremos pagar a conta da crise – disse Vivaldo Moreira Araújo, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, filiado a Conlutas.

 

Já os comerciários paulistas (são 450 mil na cidade de São Paulo) negociam desde o início do mês ganho real de 5%, e o pagamento de horas extras nos domingos e feriados.

 

– Se os comerciantes não assinarem a convenção coletiva até o fim do mês, o comércio paulista não poderá abrir aos domingos e feriados – diz Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários no Estado de São Paulo.

 

Segundo ele, o comércio foi um dos setores que menos sentiu a turbulência global, com resultados melhores do que no ano passado. Os bancários usam argumento similar: – Os bancos não podem usar a crise como desculpa. A crise já acabou e os números dos balanços mostram que o setor manteve sua lucratividade – disse o presidente do Sindicato dos Bancários de SP, Luiz Cláudio Marcolino, que integra o Comando Nacional dos Bancários.

 

Pelo calendário proposto pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) para a campanha salarial 2009-2011, a Petrobras tem até o dia 29 de setembro para responder os pleitos da categoria.

 

Começou na segunda-feira e vai até o próximo dia 28 reuniões pelo país afora para preparar a categoria para uma possível greve, se não houver acordo.

 

Para o consultor sindical João Guilherme Vargas Neto, a possibilidade de obter ganho real é alta, a não ser nos “setores ranhetas do empresariado”.

 

Os sinais de melhora da economia, diz, são claros.