De janeiro a julho, queda foi de 12,9% em relação ao mesmo período do ano passado, mesmo com o aumento de 2,4% nas vendas internas
Cleide Silva
A produção de veículos caiu 12,9% nos sete meses do ano em relação a igual período de 2008, mesmo com a reação das vendas internas, que cresceram 2,4%. O recuo foi puxado pelas exportações, que despencaram 46,6%, para 237,5 mil unidades. “Deixamos de exportar mais de 200 mil veículos”, contabiliza o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider.
Em julho, a indústria automobilística produziu 0,9% a menos ante junho. No ano, foram 1,752 milhão de veículos, enquanto as vendas internas, incluindo importados e estoques, somaram 1,735 milhão de unidades. Além da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor desde meados de dezembro, a volta do crédito estimulou os negócios.
Projeção feita pela Anfavea indica que, até dezembro, as montadoras deverão produzir 2,61 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus para o mercado interno, 6,7% a mais que em 2008. Já a produção voltada à exportação vai encolher 40%, para 440 mil unidades, o que resultará em saldo de 3,05 milhões de veículos, 5,2% a menos que em 2008. A crise internacional provocou a queda de encomendas dos principais clientes do Brasil.
O mercado interno, por sua vez, será recorde, próximo a 3 milhões de unidades, ante 2,82 milhões em 2008. Mesmo com a volta gradual do IPI a partir de outubro, a indústria considera que o ano está salvo em termos de vendas domésticas.
Schneider admite que as vendas vão cair no último trimestre, mas, tendo em vista a base fraca de igual período de 2008, em decorrência dos reflexos da crise internacional no País, o saldo do ano será positivo. O mercado de carros populares tem sido um pilar do setor. Em julho, modelos com motor 1.0, os mais baratos do mercado, responderam por 55,1% das vendas totais, participação que não era atingida há dois anos.
“O efeito crédito foi mais importante para esse segmento do que o corte do IPI, pois possibilitou condições mais adequadas de compra para a faixa mais baixa de renda”, diz Schneider.
As vendas internas também são responsáveis pela volta de contratações, após oito meses seguidos de demissões. No mês passado, o segmento de veículos criou 327 postos. Já o de máquinas agrícolas eliminou 240, resultando em saldo positivo de 87 vagas, num total de 119.598 funcionários. Antes da crise, as montadoras empregavam 131,7 mil pessoas.
Cerca de 2 mil novos postos anunciados recentemente não foram computados, o que deve resultar, segundo Schneider, “claramente em aumento de empregos puxado pelo segmento de automóveis nos próximos meses”.
O segmento de máquinas agrícolas também esboçou reação em julho, com 5,6 mil unidades vendidas (38,7% a mais do que em junho), mas, no ano, a queda é de 28,3%, com 34 mil unidades. As vendas estão concentradas em tratores pequenos, que já respondem por 75% dos negócios, ante 45% em 2008.