Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Vale vai reforçar investimento em aço

 


Mineradora vai bancar sozinha a construção de siderúrgicas no País

 

Mônica Ciarelli

 

Após ser fortemente afetada pela crise financeira global, a Vale decidiu rever sua estratégia no setor siderúrgico para garantir demanda por minério de ferro. Com a mudança, a empresa brasileira vai deixar de ter uma posição minoritária nas novas usinas e passa a arcar sozinha com os custos iniciais de desenvolvimento do empreendimento.

 

“Vamos tocar toda engenharia e o licenciamento. Depois que tudo estiver aprovado, aí sim, vamos atrair parceiros”, disse o diretor executivo de Ferrosos da companhia, José Carlos Martins. A Vale chegou até a reforçar a área com a contratação de 20 pessoas e a criação de uma superintendência geral de engenharia de siderurgia.

 

A mudança de estratégia, segundo o executivo, tem como pano de fundo as dificuldades enfrentadas por alguns parceiros da Vale no setor. É o caso da chinesa Baosteel, que no ano passado desistiu de construir uma siderúrgica no Brasil, alegando problemas com licenciamento e o local para instalação da unidade.

 

Martins acredita que a crise mundial, que provocou uma forte retração na demanda por minério de ferro, também teve peso na decisão da companhia de mexer em sua estratégia para o setor siderúrgico. O executivo admite que a companhia brasileira foi a mais prejudicada pela crise, por ter grande parte de suas vendas destinadas aos mercados da Europa e dos Estados Unidos, regiões mais afetadas pela queda do consumo de aço.

 

“Ficou claro para nós que precisamos ter maior produção siderúrgica no ocidente. Uma maneira de se conseguir isso é atrair mais produção para esse lado do mundo”, afirmou. E a expectativa de Martins é de que o novo modelo dê mais segurança aos parceiros de entrar em projetos no Brasil. Segundo ele, dessa forma, a mineradora também evita ficar anunciando obras que serão canceladas.

 

O diretor admite que a Vale está mais flexível hoje e que pode assumir uma participação acionária maior quando negociar uma parceria para seus empreendimentos siderúrgicos. “Estamos mais dispostos a isso”, lembrou.

 

Martins revelou que, dentro dessa nova estratégia, a Vale tirou novamente da gaveta os estudos para instalação de uma usina de aço no Espírito Santo e que no dia 25 de agosto assina um memorando de entendimento com o Estado do Pará para a construção da Aços Laminados do Pará (Alpa), no município de Marabá.

 

Segundo ele, a construção de cada novo alto-forno no Brasil garante à Vale um fornecimento de cerca de 4 milhões de toneladas por ano de minério de ferro, matéria-prima na fabricação de produtos siderúrgicos.

 

O diretor calcula que, se todos os projetos da Vale já anunciados no segmento saírem do papel, a empresa vai garantir um aumento de vendas na casa de 30 milhões de toneladas por ano. Hoje, a produção total da companhia do insumo está próxima a 300 milhões de toneladas.

 

Na semana passada, a Vale já havia aumentado seus investimentos em siderurgia, ao ampliar sua fatia na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), controlada pela ThyssenKrupp, de 10% para 26,8%, a um custo de US$ 1,37 bilhão.