Jacqueline Farid e Mônica Ciarelli
O setor industrial voltou a elevar as contratações em junho ante maio, após seis meses consecutivos de queda na comparação com o mês anterior, segundo mostra pesquisa do IBGE. Além disso, mesmo com as demissões que marcaram o primeiro semestre, o setor elevou o rendimento em 3,9% no primeiro semestre. Segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, Cimar Azeredo, isso mostra que os cortes ocorreram “no chão de fábrica”.
Paulo Soares, presidente do Sindicato Metabase Itabira (MG), que reúne 3,5 mil trabalhadores da Vale na cidade mineira, além de 3,5 mil terceirizados, confirma a percepção de Azeredo. Segundo ele, as demissões atingiram mais quem ganha menos.
Levantamento feito pelo sindicato mostra que cerca de 40% dos 161 demitidos pela empresa em Itabira desde dezembro de 2008 recebiam salários próximos ao piso pago pela Vale, que gira em torno de R$ 800. Segundo Soares, estaria ocorrendo demissão de trabalhadores com salários mais elevados, com contratação posterior de funcionários para exercer a mesma função, mas renda menor.
O economista da PUC-RJ e da Opus Gestão de Recursos José Márcio Camargo considera a volta das contratações na indústria como um dos principais sinais positivos. Em documento, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destaca que o aumento do emprego industrial foi “uma das mais importantes novidades” da pesquisa do IBGE. “A expectativa é que a indústria continue apresentando sinais positivos mais consistentes nos próximos meses e comece a recuperar as perdas decorrentes dos impactos da crise na economia brasileira.”O aumento do emprego na indústria em junho foi puxado sobretudo pela região metropolitana de Belo Horizonte, onde houve alta de 6,5%.