A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) teve lucro de R$ 369 milhões no segundo trimestre de 2009, uma queda de 63% ante os R$ 988 milhões de igual período de 2008. A receita líquida foi de R$ 2,412 bilhões, com queda de 39%, e o lucro bruto recuou 72%, para R$ 409 milhões.
A empresa teve lucro operacional de R$ 4 milhões, com queda de 100%, e o resultado financeiro positivo somou R$ 562 milhões, com alta de 175%. O Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Usiminas totalizou R$ 117 milhões, com recuo de 92%, e a margem Ebitda passou de 35,8% para 4,8%. O endividamento líquido cresceu 584%, para R$ 3,777 bilhões.
As vendas de aço da Usiminas no segundo trimestre caíram 38% na comparação com o mesmo período do ano anterior e somaram 1,187 milhão de toneladas.
Segundo balanço divulgado pela companhia ontem à noite, o único produto que teve crescimento nas vendas no período foi a placa de aço, usada como matéria-prima para produção de laminados e voltada para exportação. As chapas grossas, usadas pela indústria naval e para produção de tubos de grande diâmetro, lideraram as quedas, com recuo de 53% nas vendas.
Na comparação com o trimestre anterior, quando a Usiminas vendeu 1,038 milhão de toneladas, as vendas totais de aço da companhia cresceram 14%. Segundo o relatório, a retração das vendas em relação ao mesmo período do ano passado foi causada pela forte queda da demanda em todos os segmentos consumidores.
Os preços dos produtos siderúrgicos também caíram no trimestre, o que justifica a queda de 10% na receita em relação ao primeiro trimestre de 2009. Na comparação com o segundo trimestre de 2008, a receita líquida caiu 39%, para R$ 2,41 bilhões. Segundo a companhia, outro fator negativo foi o mix de produtos com menor valor agregado nos mercados interno e externo e o efeito cambial sobre as vendas destinadas à exportação.
Exportações
As exportações de aço da Usiminas somaram 264 mil toneladas no segundo trimestre, alta de 4% em comparação com o mesmo período do anterior, quando havia exportado 255 mil toneladas. Segundo o relatório divulgado pela empresa ontem à noite, as exportações sinalizam uma lenta melhora do mercado internacional, em especial nas vendas para países da América do Sul e China.
Os produtos que impulsionaram os negócios da companhia no exterior foram as placas de aço, usadas como insumo para produção de laminados, e as chapas grossas, consumidas pela indústria naval e de tubos para óleo e gás. As vendas de placas passaram de 19 mil toneladas para 61 mil toneladas, enquanto as chapas cresceram de 80 mil toneladas para 96 mil toneladas. Os demais itens apresentaram quedas expressivas, com destaque para os produtos processados, que recuaram 81%.
Num esforço para compensar a queda da demanda doméstica, a Usiminas aumentou a participação do mercado externo nas suas vendas de 13% para 22% no intervalo. O movimento é oposto ao que ocorreu nos últimos dois anos, quando as siderúrgicas brasileiras voltaram quase toda sua produção para o mercado interno.
Retomada
A Usiminas informou também que retomará a operação de dois altos-fornos paralisados em Ipatinga (MG) e em Cubatão (SP), conforme antecipado pela Agência Estado. O alto-forno 2 de Ipatinga deve voltar aos níveis normais de produção no final do mês de julho. O equipamento está desligado desde dezembro do ano passado, quando a crise internacional se acirrou. O alto-forno 1 da usina de Cubatão deve voltar a operar até o final de agosto.
Segundo o balanço trimestral divulgado ontem à noite pela companhia, a utilização de capacidade das suas usinas deve ficar entre 85% e 90% da sua capacidade de produção de aço ao longo do segundo semestre de 2009.
No segundo trimestre, a usina de Ipatinga produziu 592 mil toneladas, 48% a menos do que no mesmo período de 2008. Em relação ao primeiro trimestre do ano, houve um aumento de 20% na produção da usina. Em Cubatão, o volume foi de 352 mil toneladas no segundo trimestre, queda de 59% ante o mesmo intervalo do ano passado e de 34% em relação ao primeiro trimestre.
Suspensão
A Usiminas decidiu ontem suspender o projeto de construção de nova usina em Santana do Paraíso (MG), com capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de aço por ano. O plano havia sido aprovado em julho de 2008, quando o mercado estava aquecido, e substituiu um projeto anterior de expansão da Usina Intendente Câmara, em Ipatinga. A construção da usina ocorreria em conjunto com a ampliação das minas adquiridas no Quadrilátero Ferrífero e a criação de um canal logístico para escoamento de sua produção. Este plano de investimentos totalizava US$ 14,1 bilhões em cinco anos.
Segundo a companhia, a crise mundial agravada em setembro de 2008 provocou uma queda “drástica” no consumo de aço no Brasil e no exterior, o que levou a companhia a suspender o projeto, que será retomado “tão logo os fundamentos do mercado confirmem a recuperação do crescimento sustentável da demanda”. O Conselho de Administração da companhia aprovou ainda investimentos de R$ 215 milhões no refino secundário da Aciaria 2 da Usina Intendente Câmara em Ipatinga, com o objetivo de aumentar a oferta de aços nobres para o setor de petróleo e gás e automotivo. O projeto deve ser concluído em dois anos.