Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Mercado de trabalho da zona do euro recua pelo 11º mês seguido

 

Desemprego da região, que está no maior patamar em dez anos, vai continuar a crescer nos próximos meses, diz BCE


3,4 milhões de pessoas perderam o trabalho no bloco desde maio de 2008; na Espanha, desemprego já atinge a taxa de 18,7%

 

DA REDAÇÃO

 

O mercado de trabalho da zona do euro (bloco formado pelos 16 países que têm a moeda em comum) continuou a encolher em maio, e o desemprego permaneceu na maior taxa em dez anos, resultado da crise que se arrasta na região desde o segundo trimestre do ano passado. E, mesmo que exista a esperança de que o pior já tenha passado, o desemprego vai continuar crescendo nos próximos meses, segundo previsão do BCE (Banco Central Europeu).


A taxa de desemprego no bloco cresceu para 9,5%, 0,2 ponto percentual mais que em abril, com 273 mil postos de trabalho sendo eliminados. Desde maio de 2008, 3,4 milhões de pessoas perderam o trabalho na região -naquela época, a taxa de desemprego estava em 7,4%.


A Espanha continuou a liderar o desemprego na região, com a taxa saltando de 18%, em abril, para 18,7% no mês seguinte. Por outro lado, Holanda e Áustria são as menos afetadas (3,2% e 4,3%, respectivamente), ainda que a parcela da população afetada pela falta de trabalho seja maior do que em maio do ano passado.


Caso a curva de crescimento continue nesse ritmo (são 11 meses consecutivos de piora), a taxa de desemprego da zona do euro deverá ainda neste ano se aproximar do nível recorde, de 10,8%, registrado em 1994. O avanço do desemprego na Europa, porém, é mais lento que nos EUA, o que é, em parte, reflexo da maior dificuldade das empresas do bloco demitirem. Entre maio de 2008 e igual mês deste ano, a taxa nos EUA avançou de 5,5% para 9,4% -ela foi para 9,5% em junho.


O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, não apresentou estimativa sobre o desemprego, mas disse que o mercado de trabalho não passará incólume pela retração econômica, que deve perdurar até a primeira metade de 2010 -ainda que em ritmo mais fraco do que no começo deste ano. “Uma nova deterioração do mercado de trabalho provavelmente se materializará nos próximos meses”, disse o francês.


Ele afirmou ontem, após a reunião em que a entidade manteve a taxa de juros em 1%, que a economia deverá continuar encolhendo no restante do ano, ainda que em um ritmo não tão ruim como o do primeiro trimestre, quando se retraiu em 2,5%, a maior queda desde a adoção do euro, em 1999.


Para ele, uma recuperação gradual só vai ocorrer a partir da metade do ano que vem, quando espera que os vários programas de estímulo econômico lançados por governos de diversos países alavanquem o crescimento global e, consequentemente, o europeu.


Na sua previsão mais recente, feita no mês passado, o BCE trabalha com uma queda no PIB deste ano de 4,1% a 5,1%. No ano que vem, ele estima que a economia da zona do euro deva oscilar entre um crescimento de 0,4% e uma queda de 1%. A economia do bloco encolhe desde abril de 2008 e a expectativa é que o resultado do segundo trimestre não seja diferente, já que, em abril, a produção industrial (que responde por cerca de 17% do PIB da zona do euro) teve a maior queda em pelo menos 23 anos.


Sobre a deflação de 0,1% registrada no mês passado (a primeira vez em que o índice de preços ao consumidor europeu ficou negativo), Trichet disse que a queda reflete “principalmente efeitos temporários” e que, nos próximos meses, a taxa deve se aproximar da meta de inflação da entidade: “Abaixo, mas próxima de 2%”.


A deflação é uma preocupação para o BCE, já que ela sinaliza que não há demanda e que o comércio precisa reduzir os preços para tentar atrair os consumidores. Em pouco tempo, isso se traduz em queda no investimento pela indústria e, consequentemente, em aumento do desemprego.