Essa é uma das medidas em estudo para tentar reanimar a economia
Beatriz Abreu e Fabio Graner, BRASÍLIA
O governo pode retomar a discussão para a desoneração da folha de pagamentos das empresas para criar um estímulo adicional à atividade econômica e à preservação dos empregos. Essa alternativa está sendo considerada diante da queda de 14% nos investimentos no primeiro trimestre e do fraco desempenho da indústria.
Embora o governo tenha considerado que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,8% no primeiro trimestre foi “menos ruim” que os cenários mais dramáticos considerados por integrantes da equipe econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou preocupado com a situação da indústria.
Ontem, na reunião com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, Lula recomendou um “acompanhamento permanente” do setor para identificação de problemas que possam ser equacionados pelo governo.
O objetivo do encontro era apresentar a Lula uma interpretação da queda do PIB. Os ministros foram detalhistas em questões como a drástica queda dos investimentos, as dificuldades do setor exportador, as restrições que ainda existem para a retomada da produção industrial, além de uma avaliação otimista sobre a demanda criada pelos gastos públicos e o consumo das famílias.
A estratégia, a partir de agora, é que os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, o Banco Central, o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) façam uma avaliação sobre o que está acontecendo na oferta de crédito ao setor. O governo avalia que os empresários se intimidaram com os primeiros sinais da crise e não quiseram correr risco. Optaram pela venda de estoques e, agora, devem retomar os investimentos e, para isso, devem ter crédito.
Lula quis saber quais eram os dados sobre a capacidade instalada do setor. Bernardo explicou que os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a capacidade instalada alcançou 79,2% em abril ante 78,8% em março. “Existe uma margem enorme para investimentos”, confirmou uma fonte.
Os problemas dos exportadores são mais complexos, no diagnóstico da equipe. A questão do câmbio é um fator importante, mas relativizado pelo fato de que o setor já conviveu com uma taxa de câmbio mais desfavorável. “A questão é externa”, citou um assessor, tratando da retração em outros países. “Tudo depende do que acontecerá na economia americana, porque é muito pouco provável apostar em uma recuperação da Europa.”
RETOMADA
Os técnicos calculam que o PIB do segundo e do terceiro trimestres devem apresentar queda da ordem de 1% na comparação com iguais períodos de 2008. Mas, em comparação com os trimestres imediatamente anteriores, deve ocorrer expansão. A expectativa é de que no quarto trimestre será possível registrar um maior crescimento.
Segundo esses técnicos, o PIB de outubro a dezembro deverá ter crescimento de 4% a 5%, o que levaria o ano a fechar com uma taxa de expansão de zero a 0,5%. Para que a economia cresça o 1% previsto oficialmente pelo governo, o crescimento do último trimestre teria de ser da ordem de 7% .