Em outubro de 2019 o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, junto com as centrais sindicais, realizou um ato em homenagem ao metalúrgico Santo Dias, morto pela ditadura militar em 30 de outubro de 1979.
Santo Dias era do Movimento de Oposição Sindical Metalúrgica (MOSMSP) em uma época em que o controverso Joaquim dos Santos de Andrade era presidente do Sindicato. Controverso porque existem pessoas que ainda hoje são inflexíveis em acusá-lo de pelego e de ser uma espécie de traidor da classe trabalhadora e, por outro lado, existem pessoas, entre as quais nos incluímos, que souberam reconhecer as ações do Joaquinzão pelo Sindicato e em prol da classe trabalhadora.
Mesmo entre as pessoas da Oposição, já naquela época, muitas perceberam que o diálogo e a composição com o Joaquim seria uma via mais acertada para agir por dentro da estrutura e fazer mais pelos trabalhadores. E por isso, por causa desta postura ampla, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo ainda é um dos maiores Sindicatos da América Latina.
O grupo que se apropriou da memória do operário Santo Dias, entretanto, não apenas nunca teve uma postura política ampla, como tratou de, nesses quarenta anos, alimentar uma narrativa de que o Sindicato nunca reconheceu a importância do operário morto em 1979.
Como diversas outras lendas que existem na história do movimento sindical, esta é mais uma lenda fantasiosa, inventada, que, inclusive, fomentou um clima hostil entre o Sindicato e as pessoas mais próximas de Santo, que ano a ano cultuam sua memória.
Por parte do Sindicato, o problema foi ter aceitado tal narrativa perversa, sem brigar para que a verdade dos fatos viesse à tona. E, o que é pior, as novas gerações de sindicalistas que chegaram, encontraram esta história como uma verdade imposta pela parte mais radical e sectária da Oposição Sindical Metalúrgica.
Assumimos que foi sim um erro do Sindicato deixar essa história rolar da forma que rolou. Mas queremos frisar: o erro não foi não reconhecer a importância de Santo Dias, como de tantos outros operários mortos injustamente, o erro foi não brigar contra a história criada pela Oposição Sindical.
O Sindicato sempre reconheceu a importância e a gravidade da morte de Santo Dias! Uma prova contundente disso é o fato de ter oferecido a sede para seu funeral, como também ter-lhe dedicado a capa do jornal da entidade do mês de novembro de 1979, além de oito páginas inteiras sobre a greve da categoria e o conflito que resultou sua morte.
Santo era metalúrgico da zona sul, da base de São Paulo, filiado ao Sindicato. Era gente nossa! Reivindicamos sua memória!
Por isso, mais do que uma homenagem aos 40 anos de sua memória, o ato realizado no Sindicato, com apoio das Centrais Sindicais, no dia 28 de outubro de 2019, representou uma revisão da história, que deverá ser contada da maneira correta.
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical, da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
João Carlos Juruna, Secretário Geral da Força Sindical e vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.