Categorias profissionais com data-base para renovação da convenção coletiva de trabalho no primeiro semestre têm conseguido negociar acordos que garantem reposição da inflação e aumento real de salário, apesar da crise.
O que mudou foi o porcentual dos ganhos: em vez de se concentrarem na faixa entre 2% e 3% acima da inflação, têm ficado entre 0,5% e 1%.
Sob os efeitos da crise, as negociações ficaram mais difíceis. Muitas empresas começam a negociar oferecendo reajuste abaixo da inflação, enquanto sindicalistas reivindicam aumentos de dois dígitos.
Um exemplo é o dos 25 mil sapateiros de Franca, no interior paulista, que pediam 16,75%. Com data-base em 1º de fevereiro, os trabalhadores só fecharam acordo em 30 de abril.
Eles aceitaram 7% (ganho real de 0,5%), a ser aplicado em duas etapas: 6,5% retroativos a fevereiro, e 0,5% a partir de julho. Em setores menos afetados pela crise, as negociações têm favorecido ganhos salariais.
Na indústria de alimentação do setor de doces e conservas, os salários foram corrigidos em 7,5% – aumento de 1,18% além da inflação acumulada desde o reajuste do ano passado.
Dieese
O acordo beneficiou 25 mil trabalhadores no estado de São Paulo, com data-base em 1º de março.
No segmento de bebidas, o aumento real foi de 0,7%, o que, somado à inflação de 6,2%, medida pela variação do INPC de 12 meses, corresponde a um reajuste de 7%.
Também com data-base em 1º de março, a categoria reúne 12 mil trabalhadores no estado.
“Os resultados das negociações estão muito parecidos com os do ano passado, quando quase 90% das categorias conseguiram reajustes iguais ou superiores à inflação”, diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
(Fonte: Agência Estado)