Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Atividade da indústria paulista cresceu 0,5% em março

 

Ritmo de produção ainda está 13,1% abaixo do registrado em março do ano passado

 

Anne Warth e Marianna Aragão

 

A atividade da indústria paulista mostrou pequena recuperação no mês de março, mas não conseguiu reverter o resultado ruim do primeiro trimestre do ano. O Indicador do Nível de Atividade (INA), índice medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) subiu 0,5% no mês passado, em comparação com fevereiro. Em relação a março de 2008, porém, o indicador despencou 13,1%. Sete setores de peso da indústria, basicamente os fabricantes de bens intermediário, puxaram a queda.

 

Apesar de ter representado a interrupção da queda sofrida no final de 2008, a alta do índice não foi capaz de salvar o resultado do trimestre. Segundo o indicador da Fiesp, a atividade industrial recuou 14,9% nos três primeiros meses do ano – o pior desempenho desde 2003, primeiro ano da série.

 

Para o diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, o crescimento de 0,5% no último mês indica que nível de atividade pré-crise ainda não foi recuperado. “Janeiro, fevereiro e março apenas variaram no ponto ao qual chegamos em dezembro, após uma redução muito forte na atividade”, afirma. “A única virtude do índice é não mostrar queda.”

 

Alguns setores avaliados no índice, porém, mostraram recuperação mais forte. É o caso de produtos têxteis, com crescimento de 2,9% de março em relação a fevereiro. Segundo Francini, esse destaque ocorreu porque a demanda nesses segmentos não foi tão afetada pela crise. “Os setores ligados ao consumo de bens não duráveis, como têxtil e alimentício, dependem da renda. E a massa salarial, mesmo com a crise, continuou em crescimento”, diz o diretor da Fiesp.

 

QUEDA

 

Segundo a pesquisa, sete setores puxaram boa parte da queda no primeiro trimestre. A produção de borracha e plástico, metalurgia, minerais, metais, máquinas e equipamentos, máquinas e materiais elétricos e veículos – responsáveis por 40% da atividade industrial do Estado de São Paulo – teve recuo de 23% de janeiro a março. Com isso, tiveram participação de 62,3% na queda acumulado em 2009. “São setores que estão sendo agredidos pela queda nas exportações e redução de investimentos, por causa do crédito”, afirma Francini.

 

Em sua avaliação, a recuperação da indústria depende da reativação desses setores. “Enquanto isso não ocorrer, a indústria não vai decolar.”

 

Para abril, a Fiesp espera um resultado entre a estabilidade e uma ligeira melhora no nível de atividade. É o que indica a pesquisa Sensor, que mede a confiança dos empresários paulistas. Na segunda quinzena de abril, o Sensor subiu pela primeira vez desde o início do agravamento da crise, em setembro passado, chegando a 51,4 pontos.

 

“O Sensor indica tendência de crescimento do nível de atividade, amparado pelos indicadores de mercado e vendas. A pesquisa ainda indica que os empresários já estão estimulados a retomar algum investimento. Quem sabe, até contratar alguns trabalhadores”, afirma Francini.