Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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CNTM participa de intercâmbio Brasil/Israel

 

1. Atividades

Uma delegação de nove sindicalistas e um técnico (DIEESE) participaram de eventos realizados em Israel, a convite da Histadrut – Confederação Geral de Trabalhadores de Israel, entre os dias 13 e 20 de março.

O grupo reuniu sindicalistas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, todos eles representantes de sindicatos de metalúrgicos ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM e à Força Sindical.

O encontro contou, também, com a presença de dez sindicalistas argentinos ligados à Confederación General Del Trabajo – CGT. Na comitiva argentina havia sindicalista de vários setores produtivos.

Todas as atividades foram realizadas em conjunto com os companheiros argentinos, fazendo com que o grupo sul-americano somasse vinte pessoas.

No próximo mês de junho ou julho, dias e mês ainda a serem confirmados, uma delegação de sindicalista de Israel nos visitará, completando, assim, a primeira fase de intercâmbio entre sindicalistas de ambos os países.

A programação foi muito intensa, mesclando atividades relacionadas à troca de informações sobre aspectos do sindicalismo de ambos os países, encontros com comissões de fábricas e encontros formais com representantes do Ministério de Relações Exteriores de Israel e com membros do Parlamento Israelense. Vale lembrar, que o Parlamento daquele país se reveste de grande importância, uma vez que o sistema de governo é parlamentarista.

Paralelamente a esses encontros formais, aconteceram visitas a lugares históricos/religiosos e a três plantas (eletrônica, naval e aeronáutica), nas quais a comitiva foi recebida pela Comissão de Empregados. Houve uma visita, também, ao maior porto do país, localizado na cidade de Haifa, onde, também, a comitiva foi recebida pela Comissão de Trabalhadores, local onde houve uma conversa sobre a globalização.

O grupo teve, ainda, a oportunidade de visitar um dos mais antigos e maiores Kibbutz de Israel (Kibbutz Mishmar HaEmek), nos arredores de Tel Aviv. O Kibbutz constitui o que poderíamos chamar aqui no Brasil de cooperativa. Vai, no entanto, um pouco além. É uma experiência que podemos classificar de socialista, uma vez que a comunidade ao qual o kibbutz pertence, vive dentro de uma área específica, que pode ser maior ou menor, dependendo do que produzem e da quantidade de pessoas. Ali residem, estudam e produzem, desde produtos agrícola, pecuário até industrial e os comercializam. Os filhos têm o direito de permanecerem no kibbutz (se quiserem) e, assim, darem continuidade à comunidade. Seus membros vivem em estrita cooperação e todas as decisões são tomadas ouvindo toda a comunidade.

Outra visita importante foi ao Instituto Internacional para a Liderança da Histadrut, onde a comitiva foi recebida por vários diretores, que forneceram informações sobre o Instituto e sobre Israel, abordando, até, aspectos do conflito árabe-israelense. Em seguida, neste mesmo instituto, houve um encontro com o Presidente Suplente da Histadrut, I. Gotbatter, ocasião em que este apresentou um painel com o tema “Os trabalhadores frente ao desafio da crise econômica mundial”. À apresentação seguiu-se um debate no qual todos os membros da comitiva que desejaram se manifestar, foram ouvidos.

Neste mesmo Instituto, aconteceu um jantar com a presença de autoridades do Ministério das Relações Exteriores de Israel, dos embaixadores de Brasil e Argentina, representante do Parlamento, da direção do Instituto e da Histadrut. Discursaram os embaixadores, a representante diplomática de Israel, o Presidente Suplente da Histadrut e os representares das delegações brasileiras e argentina. Pelo Brasil falou o Diretor de Relações Internacionais da CNTM, Edison Venâncio. Para finalizar, após o jantar, houve uma cerimônia de confraternização com a apresentação de um grupo folclórico local.

2. Histadrut – Confederação Geral de Trabalhadores de Israel

Esta Confederação foi fundada em 1920, portanto, 20 anos antes da existência do Estado de Israel, oficializado pela ONU em 1948. Ela representava trabalhadores de todos os ramos de atividade e serviu como um dos pontos de união para que Israel fosse reconhecido e oficializado como uma nação soberana. Criada para defender os direitos de todos os trabalhadores, logo avançou para além dessa tarefa, e assumiu responsabilidades como a recepção aos imigrantes judeus do mundo inteiro que começaram a chegar a Israel, providenciando alojamento, residências, serviços sociais, escolas e capacitando-os para o nascente mercado de trabalho.

Para melhorar sua organização e defender mais prontamente os direitos desses novos trabalhadores que chegavam ao país, a Histadrut auxiliou e promoveu a criação de vários sindicatos para inúmeras categorias profissionais. Assim, não foram os sindicatos que criaram a Confederação, pelo contrário. Coube a Histadut, então, centralizar o controle desses sindicatos por ela criados.

Hoje em dia, a Histadrut conta com 750.000 afiliados, número que para Israel é muito significativo, já que sua população é de cerca de 7,5 milhões de habitantes, um pouco mais que a metade da população do município de São Paulo. Ou seja, 10% da população é filiada à Confederação. A Histadrut está organizada em sindicatos nacionais por ramo de atividade e em Conselhos Operários Regionais por todo o país.

A afiliação a Histadrut é feita diretamente pelo trabalhador. Após essa afiliação, que é voluntária, ele, automaticamente, se torna membro (ou filiado) do sindicato profissional de sua categoria. As mulheres que se filiam passam a ser membros da Organização Feminina da Histadrut. O mesmo acontece com os jovens entre 15 e 17 anos, que passam a membros da Organização da Juventude Operária e Estudantil da Histadrut. A contribuição à Confederação é proporcional à renda (ou salário) de cada filiado e, na maioria das vezes, por convênio com as empresas, já é descontada da folha salarial.

Na Histadrut há eleições para todos os níveis da direção. Sua diretoria é composta por 164 delegados-representantes de todos os pontos do país e dos diversos setores econômicos. Dentre os delegados, 24 são eleitos para membros do comitê executivo. Todos eleitos pelos associados. A Histadrut não exige filiação de seus membros a partidos políticos e todos têm liberdade de se filiar a qualquer partido. As eleições ocorrem de quatro em quatro anos e os eleitos são escolhidos a partir de uma lista de candidatos. As eleições são secretas e todos os filiados têm direito a voto. A Convenção Geral, cujos membros também são eleitos, elege o Conselho da Histadrut que, por sua vez, elege, entre seus membros, o Comitê Executivo, que é a autoridade máxima. Do Comitê Executivo sai o Presidente da Histadrut.

A Histadrut tem grande influência na votação das leis trabalhistas de Israel, pois está representada no Conselho Assessor do Ministério, que prepara os projetos de lei e, muitas vezes, o Ministro deve consultar a Histadrut no momento de aprovar ou não uma lei.

3. Curiosidades

· Todo israelense é obrigado a cumprir o serviço militar: homens por três anos e mulheres por dois;

· Cerca de 15% da população de Israel são islâmicos. Há muitas mesquitas dentro do território israelense;

· Naquela região do planeta, os cristãos são a minoria. Há poucas igrejas cristãs;

· O nível de renda da população se aproxima dos padrões europeus, fazendo com que a qualidade de vida seja superior a muitos outros países;

· A indústria israelense é de alta tecnologia e especializada em produtos voltados para a área militar;

· O dia de descanso é o sábado, não o domingo (que é um dia de trabalho normal). Isso por questões religiosas, pois no Velho Testamento está escrito que Deus fez a terra e tudo que nela há e descansou no sétimo dia. Os cristãos descansam no domingo, pois foi nesse dia que Jesus Cristo ressuscitou;.

· Em Israel, toda a terra pertence ao Estado. Sua utilização segue o modelo dos contratos normais (capitalistas), mas a propriedade é estatal. Razões de segurança!

Autor: Airton Gustavo dos Santos
Economista técnico do DIEESE