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Embraer: demissões reduzem valor da marca; TRT julga dissídio

Símbolo do Brasil no exterior, segundo alguns analistas de marca, a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) perdeu o seu valor por conta da crise financeira global – que culminou na demissão dos seus funcionários.

A estimativa da Brand Finance é de que a empresa perca entre 8% a 10% do seu valor de marca que, no último ranking (de 2007) ficou na 52ª colocação, com R$ 1,2 bilhão. O estudo de 2008 ainda não foi concluído.

Gilson Nunes, presidente da Brand Finance, diz que dois fatores impactam o valor da marca: o maior, segundo ele, é a parte de clientes internacionais, que se reflete no valor da empresa, e o outro é a percepção do mercado interno.

De acordo com Nunes, a perda do valor da marca, no entanto, é menor que o valor da empresa. “Mas é esporádico: de um a dois anos”, afirma.

Para o presidente da Brand Finance, não se trata, em nenhum momento de má gestão da empresa.

E acrescenta que todas empresas do setor se depreciaram com a crise, que também atingiu outros setores – os mais prejudicados, na análise da consultoria, foram o automotivo e o de commodities.

Para Nunes, a dimensão que se tem das demissões é de um ajuste operacional. “Não é incompetência”, diz.

“Ninguém está 100% a salvo. Mas, as marcas com reputação corporativa maior passam pela crise mais facilmente”, diz o sócio-diretor da Troiano, Jaime Troiano. Ele lembra que a Embraer é um dos grandes ícones da capacidade brasileira de estar em outros mercados.

“Não há como dizer que não será abalado. As demissões têm um efeito na opinião pública porque faz com que qualquer pessoa se sinta nesta posição. Se uma empresa como a Embraer demite, será que não estou tão ou mais inseguro?”, diz.

Troiano diz que foi por causa desta simbologia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva correu para tentar reverter as demissões. Nunes acrescenta que, como outras empresas também perderam valor de marca, a Embraer pode continuar na mesma classificação do ano anterior.

Entretanto, no que depender dos sindicatos, a Embraer terá muito a perder. Agora, a disputa entre a empresa e a centrais sindicais sobre as 4.273 demissões foi parar definitivamente na Justiça.

Depois de quatro horas de tentativa de negociação, na última sexta-feira, entre a empresa e sindicatos, não houve acordo.

Caberá, na próxima quarta-feira (18), a decisão dos 12 desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas (SP) sobre o dissídio coletivo proposto pelos sindicatos, até lá fica mantida a liminar que suspende as rescisões dos contratos de trabalho.

O julgamento, cujo relator é o desembargador José Antonio Pancotti, deverá tomar por base a proposta do presidente do TRT de Campinas, desembargador Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva, apresentada na última sexta-feira (13).

Além da análise da proposta, o desembargador afirma que no final da sessão poderá ser discutido o pagamento dos salários e direitos trabalhistas garantidos pela liminar.

Proposta

A proposta do TRT de Campinas foi oferecida às partes na audiência de conciliação realizada no último dia 13.

O presidente pediu a suspensão dos contratos e sugeriu que a Embraer oferecesse cursos de qualificação profissional por meio de uma bolsa paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) nos cinco primeiros meses e nos demais sete meses paga pela empresa.

Ele também pediu uma ajuda mensal de 20% do salário-base do demitido pelo período de um ano e propôs uma indenização no valor de um mês de aviso prévio por ano de serviço prestado, com limite de 15 avisos prévios.

Propôs, ainda, a garantia da recontratação na hipótese de reativação da economia pelo período de 2 anos, manutenção do plano médico familiar por 12 meses e manutenção do atual quadro de funcionários por 120 dias. Os sindicalistas presentes na audiência aceitaram a proposta.

“Ela não contempla nosso pedido, que é a reintegração dos dispensados, mas podemos seguir em uma nova negociação a partir do que foi apresentado”, afirma Paulo Pereira da Silva (Paulinho da Força), presidente da Força Sindical.

Porém, a Embraer não concordou em ter que pagar o aviso prévio e a indenização proposta pelo desembargador. A empresa fez, então, uma contraproposta.

Sugeriu o aumento de R$ 1,6 mil para dois salários, limitados a R$ 3,5 mil para cada trabalhador, ou no máximo R$ 7 mil por pessoa a título de indenização, conforme explicou o representante da Embraer, o advogado Cássio Mesquita Barros.

E, por meio de nota, a empresa reiterou “seu sincero respeito e consideração pelos funcionários que deixaram a Embraer e reafirma que continuará enfrentando as crescentes dificuldades que se apresentam no mercado internacional de transporte aéreo”. (Fonte: Gazeta Mercantil)