Acordos de redução de jornada e salário se encerram no fim do mês, quando será decidido o futuro desses funcionários
Luciele Velluto, luciele.velluto@grupoestado.com.br
O mês de março será decisivo para mais de nove mil trabalhadores paulistas. No final deste mês e começo do próximo terminam vários acordos de redução de jornada e de salário, o que coloca os trabalhadores em dúvida sobre se terão seus empregos preservados.
Uma boa notícia é que para cerca de 500 trabalhadores da região essa angústia já passou: são empregados das três empresas que cancelaram a medida antes do fim do prazo – FMCE, de Taboão da Serra, Polistampo, de Diadema, e Fiamm, de São Bernardo do Campo.
Para empresários e dirigentes sindicais, a retomada da produção por essas empresas cria uma perspectiva favorável quanto à recuperação de outras fábricas ainda este mês. “Uma luz no fim do túnel”, afirma Mauro Miaguti, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), de São Bernardo.
No entanto, a melhora até o momento está situada em um único segmento: o automotivo (as três são fabricantes de autopeças).
“O setor automotivo ainda não estancou o movimento de demissão, mas parece que começamos apontar para um recuperação e a volta do otimismo”, afirma Jorge Nazareno, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco.
“O quadro ainda é preocupante, mas parece que o pior já está passando. Se isso continuar nesse caminho, será um alívio, mas não consigo ainda prever quanto tempo será necessário para uma recuperação completa”, comenta ele.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, conta que, além das duas empresas em sua base, outras também avaliam a necessidade de suspender o acordo para conter a crise. “O mês de março é fundamental para ver se esse movimento se sustenta. O fim dos acordos é um sinal positivo e quem apostou em demissão se precipitou”, diz.
Segundo Miaguti, fevereiro já se mostrou um mês melhor do que janeiro e dezembro do ano passado. “A recuperação não é apenas das autopeças, mas também das indústrias químicas e plásticas (aquelas ligadas ao setor automotivo). Os resultados de março são bastante aguardados e espero que esse otimismo crescente entre os empresários chegue até a sociedade”, explica.
Em Diadema, os empresários também esperam que mais companhias retomem as condições normais de produção. “A recuperação ainda não é plena, mas as médias e grandes empresas voltam a trabalhar aos poucos. Agora isso precisa chegar às pequenas e micro, que ainda estão em dificuldade”, diz o segundo vice-diretor do Ciesp local, Donizete Duarte Silva.
Na cidade de São Paulo, ainda não há notícias de empresas que anteciparam o fim do acordo de redução de jornada, mas várias das que se preparavam para adotar esta prática também voltaram atrás. “É o caso da ThyssenKrupp. Estava tudo certo, negociado, mas foi cancelado quando iria ser assinado”, conta Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Nazareno, apesar de otimista, afirma que ainda há a preocupação com os reflexos das demissões na Embraer. “Isso ainda vai impactar na cadeia metalmecânica”, diz.
Os setores ligados a exportação, de componentes para a fabricação de caminhões e ônibus e de bens de capital também são outros que não tiveram melhora.