Anne Warth
O cenário para o emprego no primeiro semestre será muito ruim, se a situação não melhorar em fevereiro e março, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Pesquisa feita com as empresas mostra que as demissões podem chegar a 50 mil no período. Desde outubro, o setor demitiu 7,8 mil trabalhadores. “Quando o faturamento recua 60%, como no caso das máquinas-ferramentas, não há redução de jornada e salários que resolva a situação”, avaliou o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.
O setor representa cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e em janeiro empregava 242 mil trabalhadores. A Abimaq voltou a cobrar a adoção de medidas que desengavetem investimentos, como a desoneração por quatro meses de PIS/Cofins e Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para máquinas adquiridas no País e para insumos usados na produção de bens destinados à exportação. Com isso, os preços de máquinas poderiam cair entre 20% e 25%.
Dentro das ações do “PAC paulista”, o governo de São Paulo atendeu a ambos os pedidos e desonerou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) até o fim do ano, mas para a Abimaq, na prática, até agora nada mudou. O governo estabeleceu prazo de um mês para definir os segmentos que serão beneficiados. “Não falaram quando, como e onde será a desoneração. Não podemos esperar um mês. Não resolve, tem que ser imediato.”
Somente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recebeu elogios no combate à crise. Ainda assim, a Abimaq reclama que o acesso ao crédito da instituição está “escasso, caro e elitista.” A Abimaq quer o uso da linha Cartão BNDES para o pagamento de impostos. “Tenho certeza de que o Brasil pode sair da crise melhor que todos o países do mundo. O presidente Lula é o cara. Ele tem de aproveitar a passagem do cavalo selado e adotar medidas com coragem e urgência”, disse.