Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Com crise global, 20 milhões de chineses perdem emprego

Mais 6 milhões podem ficar sem trabalho neste ano e retornar para a zona rural

Expansão do desemprego gera temores de aumento dos protestos, e governo já sinaliza que pode aumentar valor do pacote de estímulo

DA REDAÇÃO

Com a crise econômica global derrubando as exportações do país e fechando fábricas, 20 milhões de migrantes chineses perderam seus empregos nos últimos meses, e a expectativa é que esse número seja acrescido neste ano de até 6 milhões de pessoas que irão para as cidades e não encontrarão trabalho, gerando temores de uma onda de protestos contra o governo.
Segundo as estimativas oficiais, cerca de 15% dos 130 milhões de migrantes tiveram que voltar para a zona rural por não encontrarem emprego. As demissões, afirmou Chen Xiwen, diretor do órgão do governo de políticas rurais, foram resultado direto da crise global e do seu impacto na indústria chinesa voltada para a exportação. Ele disse ainda que o aumento do desemprego será um desafio para a estabilidade social.
“O que os trabalhadores migrantes que perderam seus empregos vão fazer para obter renda quando retornarem para suas vilas? Como vão lidar com isso? Esse é um novo fator afetando a estabilidade social neste ano”, disse Chen. O desemprego dos migrantes, além da vida dos próprios, afeta a região de onde saíram, já que as remessas são importante fonte de renda para as suas famílias.
Para agravar a situação, o dado de 20 milhões de desempregados leva em conta apenas aqueles trabalhadores que foram demitidos e voltaram para a zona rural, não incluindo os que estão sem ocupação, mas permanecem nas cidades. Além disso, há os trabalhadores urbanos que perderam o emprego e os jovens que pretendem ingressar no mercado.
O aumento do desemprego é reflexo dos dados econômicos do país, que, ainda que em muitos casos sejam positivos, estão abaixo da média dos últimos anos. As exportações -que avançavam há mais de sete anos- recuaram em novembro e dezembro do ano passado, e o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre cresceu 6,8%, expansão muito superior à dos países desenvolvidos e de boa parte dos em desenvolvimento, mas a menor registrada pela China desde 2002.
Com isso, o governo, que no ano passado lançou um pacote de US$ 585 bilhões (45% do PIB brasileiro de 2007) para estimular a terceira maior economia mundial, já dá sinais de que pode ampliar o plano.
Por trás do pacote, também está uma preocupação com a manutenção no poder do regime comunista, no comando desde 1949. O governo considera que precisa crescer pelo menos 8% para garantir a entrada de mais pessoas no mercado de trabalho e, assim, garantir a estabilidade social. O governo não divulga há vários anos estatísticas oficiais com o número de protestos, mas artigo de uma revista da agência estatal Xinhua prevê que as manifestações serão recorde neste ano.
“O governo não deve ficar parado, desapontando os agricultores, diz Liu Shanying, da Academia Chinesa de Ciências Sociais. “Se eles ficarem desempregados por um longo tempo, serão uma bomba-relógio.” Na época dos protestos na praça da Paz Celestial, há 20 anos, o PIB chinês se desacelerou de 11,3%, em 1988, para 4,1%.