No fim de semana, governo dos EUA silenciou sobre pacote de ajuda
Fernando Dantas, WASHINGTON
A semana deve começar com uma preocupação intensificada sobre o destino de duas das três grandes montadoras de veículos americanas, a General Motors (GM) e a Chrysler. Durante o fim de semana, a Casa Branca não emitiu nenhum sinal concreto sobre a ajuda que, na sexta-feira, demonstrou estar disposta a conferir à indústria automobilística, possivelmente com recursos do pacote de US$ 700 bilhões destinado a sanear o sistema financeiro, o chamado Tarp (da sigla em inglês do programa).
A GM e a Chrysler já anunciaram que o seu dinheiro em caixa pode acabar em semanas, o que poderia forçá-las a entrar em concordata. O senador republicano Bob Corker, do Tennessee, que relatou ter feito contato com a Casa Branca no domingo, declarou que “não acho que eles já saibam o que vão fazer”.
Há a possibilidade de usar diretamente o dinheiro do Tarp ou utilizá-lo como garantia para empréstimos que poderiam ser feitos pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano. O Fed, porém, já demonstrou que não gosta nem um pouco da idéia de fazer empréstimos para o setor real da economia, o que significaria uma ruptura com as suas funções tradicionais ainda maior do que aquela que já foi forçado a fazer para tentar conter a crise financeira.
O uso direto dos recursos do Tarp também é complicado, porque o valor de US$ 14 bilhões, cogitado para o pacote das montadoras, esgotaria a primeira tranche (parcela) do programa. Isso poderia forçar o Executivo a pedir para o Congresso a aprovação da segunda metade do Tarp. Curiosamente, a oposição, neste caso, viria de senadores democratas como Chris Dodd, de Connecticut, que é um dos mais ardorosos defensores do apoio à montadoras.
A GM, maior fabricante de automóveis dos Estados Unidos, precisa de US$ 4 bilhões para terminar o ano e outros US$ 6 bilhões para seguir operando no primeiro trimestre do ano que vem. A empresa anunciou que, de janeiro a março, produzirá 250 mil veículos a menos do que havia previsto antes, o que equivale a um corte de 30%.
A Chrysler, terceira maior fabricante americana, disse que necessita de US$ 4 bilhões para sobreviver no primeiro trimestre de 2009. A Ford, a segunda maior do setor no país, disse que não precisa de dinheiro neste momento, mas já solicitou uma linha de crédito especial para o caso de as condições econômicas piorarem ainda mais. Os Estados Unidos estão oficialmente em recessão desde dezembro do ano passado.
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS