Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Por emprego, câmara setorial pode voltar

Arnaldo Galvão, de Brasília

Sindicalistas de todas as centrais almoçaram ontem com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci. O encontro durou duas horas. Os presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, e da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), informaram, depois do encontro, que Mantega prometeu discutir com as lideranças empresariais a exigência da preservação dos empregos nos projetos que usam recursos do BNDES ou se beneficiam da desoneração de tributos, reivindicação que apresentaram ao governo. Ruy Baron/Valor

Os sindicalistas no encontro com o ministro Guido Mantega, que prometeu discutir com empresários como preservar empregos durante a crise

Os dois dirigentes disseram que esses encontros seriam uma espécie de projeto-piloto de câmaras setoriais. Na visão deles, Mantega concorda que emprego e renda são essenciais para o consumo. Uma reunião dos sindicalistas com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e Mantega, está marcada para terça-feira, no Rio.

Foram muitas as reivindicações apresentadas no encontro. Um documento entregue a Mantega tinha 22 pedidos, desde a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) até o controle do fluxo de capitais. Eles insistiram que a correção da tabela do IR tem de acompanhar a inflação e, portanto, ser maior que os 4,5% prometidos. Querem mais de 7%. Neste assunto, também pretendem maiores avanços para que o sistema progressivo seja adotado, fazendo com que carga maior seja dirigida aos que ganham mais.

José Lopes Feijó, dirigente da CUT, defendeu o modelo das câmaras setoriais para a preservação do emprego. Relatou que, em 2002, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC fez vários acordos nesse sentido e todos foram cumpridos. Na sua avaliação, as desonerações de tributos têm de ser acompanhadas de redução de preços. Ele ainda atacou a proposta de algumas lideranças empresariais para, durante a crise, suspender ou adiar o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Querem greve geral para quando? É o limite da cara-de-pau”, criticou.

Paulo Pereira, da Força, chegou a dizer que se o Banco Central não baixar os juros, vai iniciar uma campanha para derrubar Henrique Meirelles. O sindicalista disse que a reunião de ontem foi “razoável” porque Mantega deixou claro que o governo vai reduzir o custo financeiro para baixar os juros na ponta. “Vão usar o poder do governo e dos bancos oficiais. Vão jogar pesado para manter o Brasil crescendo”, relatou.

A preocupação dos sindicalistas é com a demissão em massa. Dizem que muitas empresas estão preparando dispensas, e ainda não há um compromisso claro do governo em relação à proteção do emprego. Para Santos, da CUT, as medidas anti-crise já tomadas são adequadas, mas insuficientes porque não protegem o emprego.