Ao afirmar que sem a reforma da Previdência Social o Brasil paralisa suas atividades em sete anos, o governo Temer se revela disposto a praticar terrorismo psicológico para tornar viável o seu pacote de maldades contra a população, em especial à classe trabalhadora. O mesmo se pode dizer sobre a reforma trabalhista que, se aprovada no senado, enterrará um breve ciclo de cidadania social assegurado pela CLT em conjunto com a Constituição de 1988.
O discurso de que a sustentabilidade financeira do país e a geração de novos empregos dependem de tais reformas é discurso para “inglês ver” e ouvir. No caso específico da Previdência o seu verdadeiro papel é no sentido de distribuir renda, promover a justiça social e amparar econômica e socialmente à força de trabalho na doença e velhice, e não o oposto.
Tamanha inverdade serve para mascarar o real objetivo do governo que nada mais é do que provocar o desmonte do Estado para beneficiar mais e melhor o capital especulativo em prejuízo da produção e do emprego.
Não precisa ser economista para se saber no que implica o tal “ajuste fiscal” que vem sendo conduzido pelo Ministério da Fazenda, hoje sob o comando de um banqueiro. Suas implicações já são visivelmente sentidas nos cortes abusivos dos gastos sociais e na ausência de políticas voltadas ao crescimento da economia.
Desde 2015 o Brasil está vivenciando toda essa desordem, com reflexo negativo no crescimento desenfreado do desemprego e subemprego que, juntos, somam hoje 22 a 23 milhões de pessoas sem emprego formal (com carteira assinada e gozando de direitos), queda da renda das famílias de 4,2% em 2016, na deterioração do crédito e redução de 10,2% no investimento produtivo (formação bruta de capital fixo).
Diante disso, cabe então ao governo responder com a devida seriedade como fará para fazer o país voltar a crescer econômica e socialmente. Do contrário, o único jeito para enfrentar esta situação para lá de caótica é os trabalhadores e trabalhadoras ocuparem as ruas e resistir!
Aparecido Inácio da Silva é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e advogado