Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Contra o alarmismo

Nestes tempos de incertezas e preocupações sobre o futuro da economia, do emprego e das conquistas dos trabalhadores, devemos nos acautelar contra o alarmismo.

Ele não é desinteressado. Exagera, fria e metodicamente, os aspectos mais negativos da situação para criar uma sensação de pânico. Neste, as duas preocupações prioritárias de quem quer enfrentar a crise são obscurecidas: a compreensão das causas, da origem, desenvolvimento e desenlace da crise e as alternativas à ela, maneiras de resistir aos seus avanços garantindo direitos e conquistas, para normalizar a situação e avançar.

O alarmismo exagera aspectos relevantes e intoxica a mente com relações estapafúrdias, confundindo a torto e a direito.

Às vezes, vale-se de aspectos da própria realidade como atestadores da correção das informações e análises; às vezes procura introduzir elementos “técnicos” de difícil compreensão para sustentar seus alarmes; às vezes, pura e simplesmente inventa e espalha boatos; sempre aos gritos e em manchetes.

Aqui no Brasil, o alarmismo, além das intenções gerais que o caracterizam, desempenha um duplo papel oposicionista: contra o governo e contra a atuação necessária do Estado e do movimento sindical no enfrentamento da crise.

Como estamos entrando na estação das chuvas vamos nos servir de metáforas hídricas.

Há aqueles que, a respeito da crise, falam em chuvisco e há os que falam em chuva forte. Mas o alarmista descreve trombas d´água de uma intensidade diluviana. Para ele não há Noé nem sua arca; é o fim do mundo.

O movimento sindical que realizou a grande proeza de produzir a tempo e a hora o documento unitário das Centrais Sindicais contra a crise com 18 medidas para enfrentá-la e reduzir as perdas e prejuízos dos trabalhadores avançando apesar da crise, abomina o alarmismo. Por prever chuvas (e já se molhar em algumas situações e em alguns setores) recomenda a distribuição e a abertura de guarda-chuvas. Os guarda-chuvas protegem a cabeça e a mantém seca.

Se for o caso – embora fora de moda – recomenda calçar galocha para garantir pés enxutos. Em todo caso, não empresta ouvidos ao alarmismo que está seco para nos encharcar de suas malícias.

João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo